quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Tuto maneiro

Em termos de Copa Tuto Marchand, o torneio amistoso organizado pela FIBA que precede cada Copa América, existe um leão. Nesse quadrangular, ninguém mexe com o Brasil. É algo que orgulha, é contagiante, não tem como segurar. Campeão!

Em Foz do Iguaçu, massacramos o Canadá. Os pobres coitados, que mal conseguiam se aproximar da cesta. De novo: que sucesso! Magistral! É pra ficar na história!

Foi uma pena que esse padrão só não pôde ser repetido em Mar del Plata, valendo vaga para a Olimpíada. Uma pena. 

A cada Tuto, gasta-se toneladas e toneladas de rojão. Inflamos o peito e batemos forte: agora vai! E não vai. Ou, se vai, é de modo trôpego.

É difícil ponderar? Está no nome: amistoso.

O Huertas de Bilbao

No País Basco espanhol, para sair de Bilbao rumo a Vitoria, a distância é de apenas 50 km, numa direção sudeste. Antes de se transferir para o Barcelona, Marcelinho Huertas atuou nos dois lugares. Em 2007-2008, no clube que leva o nome da primeira cidade. De 2009 a julho deste ano, pelo Caja Laboral. Mas o jogo do armador da Seleção não poderia estar mais distante nessas duas passagens. 

O Bilbao era um time mais modesto. Entre seus companheiros, os nomes a se destacar eram o veterano ala Quincy Lewis, que já dividiu a quadra com John Stockton e Karl Malone em Utah, o pivô croata Marko Banic, o pivô sério Mile Ilic e o grandalhão francês Frederic Weis, aquele do Vince Carter em Sydney-2000, o mesmo que foi selecionado no draft deste ano pelo New York Knicks uma posição antes de Ron Artest, ídolo dos playgrounds locais.  Pouco. Pois Huertas precisou jogar como um dínamo nesta temporada e carregou a equipe nas costas até os playoffs da Liga ACB, tendo até mesmo liderado a competição no início da fase regular. Foi o cestinha do time, com14,5 pontos por jogo, o líder em assistências (4,1) e roubos de bola (1,7). Era o protagonista, como nos tempos de Paulistano.

Foi o ano de seu grande salto na carreira, depois de ser ofuscado por Ricky Rubio em Badalona. A partir daí, Huertas chegou ao primeiro escalão europeu. Jogou pelo Climamio Bologna, na última temporada do prestigiado clube italiano, que acabou quebrado financeiramente. Até fechar com o Baskonia.

Em uma campanha rumo ao título nacional de 2010, ele encontrou uma situação distinta em Vitoria, integrando um elenco no qual o campeão olímpico como Walter Herrmann era mero coadjuvante de Tiago Splitter, o MVP do campeonato, Mirza Teletovic, um exímio chutador de três pontos, e Fernando San Emeterio, daqueles que faz um pouco de tudo em quadra. Seu papel, então, era outro, de condutor, com a incumbência de fazer a engrenagem rodar  em vez de ser a engrenagem , o que se refletiu nos números gerais pela equipe em duas temporadas: 8,9 pontos por jogo e 5,4 assistências. 

O sucesso em ambos clubes, com desempenhos completamente diferentes, mostra o quão completo é o basquete de Huertas. Ele pode ser um Pablo Prigioni, ou um Sarunas Jasikevicius, dependendo das necessidades de sua equipe. 

Na Seleção, independentemente da presença de Leandrinho e Nenê, seria adorável dizer que se encaixaria perfeitamente como um maestro, sem nem precisar olhar para a cesta. Mas não parece o caso. As atuações contra os Estados Unidos e a Argentina no Mundial do ano passado e o quarto período na vitória contra o Canadá são amostras significativas que o melhor Huertas que pode aparecer, por enquanto, é aquele mais envolvido na definição jogadas, mais agressivo, o de Bilbao. 

Inovar não é preciso

Arroz e feijão. Sofá no domingo, pizza na quarta-feira, futebolzinho de segunda. Almoço com a família. Praia em janeiro, montanha em julho. O amigo secreto no final do ano. Marcelo Huertas + Tiago Splitter. Nem sempre é necessário fazer o diferente, fugir do óbvio, evitar uma rotina. 

Há um certo faniquito nos alas da Seleção brasileira aparentemente irremediável, uma vocação para a ousadia que sempre foi bem-vinda pelos técnicos da base e do Paulistão. São jogadores nascidos para matar. Correr, chutar e matar, como se não houvesse amanhã. Então é compreensível que exista uma dificuldade de se adaptar e ser careta. 

Mas, gente, nós chegamos a um ponto que não tem mais desculpa, uma situação de calamidade pública. São 40 minutos de jogo, muitos ataques pela frente, todo mundo vai ter sua chance. Passou da hora de nossos alas entenderem que o jogo da equipe tem de ser canalizado em seu armador e seu pivô. 

Eles já foram considerados os melhores da Espanha em suas posições, a mesma Espanha campeã de tudo na modalidade nos últimos anos. Um foi contratado pelo poderoso Barcelona agora há pouco, o outro veste a camisa do Spurs, que batalhou por anos para assegurar sua contratação. Clubes, exemplares em seus mundos, que não precisam de credenciais. 

O politicamente correto do basquete prega que o jogo não pode esbarrar em estrelas, que belo é o jogo coletivo. No caso da Seleção, já que não é o que vem acontecendo há anos e parece que não será agora em Mar del Plata que vá ocorrer mesmo, vamos ousar um pouco, então, e sugerir uma quebra formal e total com esse conceito? Desde que seja com seu armador e seu pivô. Afinal, nessas condições, quanto mais Splitter e Huertas, melhor para o Brasil. Foi assim na vitória por 69 x 57 contra o Canadá.

No quarto período, quando Magnano percebeu que tinha um banco em jornada inócua e viu que não podia mais dar um minuto sequer de descanso para esse par, os dois fizeram toda a diferença. 

Em noite de pífia produção ofensiva (dois arremessos certos em nove tentativas diante do atlético e imponente Joel Anthony), o pivô causou impacto no jogo do outro lado, usando sua disciplina e inteligência para fechar as brechas no garrafão brasileiro contra as infiltrações canadenses e selar os rebotes, que foram um grande problema, mais uma vez, especialmente no terceiro quarto (ele apanhou dez, nove defensivos). 

Já Huertas, diante da inoperância das tropas, teve de carregar o time no ataque. Percebendo que os canadenses estavam muito precavidos em relação aos passes regulares para Splitter, o armador viu que era a hora de fazer o estrago por conta própria. Saiu daí uma enxurrada de belos arremessos em flutuação. A bola subiu mansa e caiu feito bomba (70% de aproveitamento) na cabeça dos canadenses, desamparados com seu cobertor curto, abrindo finalmente uma vantagem confortável na metade final do quarto período. Pois não nos enganemos com o placar final: tal como contra a Venezuela, tivemos os primeiros 35 minutos de jogo com muita tensão. No fim, Huertas terminou com 17 pontos, dez deles no quarto derradeiro. 

O Brasil tem, sim, duas estrelas de verdade em seu elenco, doa a quem doer, e o resto do grupo precisa deferir em nome deles. E os jogadores não precisam se avexar com isso: os dois são afeitos a jogadas certas, avessos ao egoísmo das 14 assistências noite, nove foram da dupla (seis de Huertas e três de Splitter, os únicos com múltiplas assistências na equipe, por sinal). Está claro que eles não querem a luz toda para eles. Mas, que eles precisam mais da bola em suas mãos, isso é óbvio.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Quero ser Tiago Splitter

Você pode abrir as estatísticas de Brasil 92 x 83 Venezuela, e ir direto à linha de Tiago Splitter para se entusiasmar: 17 pontos, 11 rebotes, seis assistências e dois tocos em 31 minutos. Em uma interjeição? Uau.  

Você vai imaginar que o catarinense acabou com o jogo, não? Sim, você provavelmente vai. Mas, não, ele não acabou com o jogo.  E que fique claro de cara: não por culpa dele.   

Os números do catarinense não são fictícios, inflados, fraudulentos, nada disso. Cada vez que ele pegou na bola, alguma coisa boa aconteceu em quadra para o Brasil – bem, deixemos de lado por enquanto seus lances livres, que são de doer. Com a bola quicando, o jogador do Spurs tem demonstrado anualmente, a cada julho, agosto, que é uma via confiável, a mais confiável da seleção. Ainda mais quando enfrenta uma equipe sem nenhum jogador que lhe possa fazer sombra debaixo do aro, como a Venezuela. Todos tampinhas perto dele, embora atléticos e fortes, mas que não podiam bloquear seus ganchos ou mesmo sua sempre inteligente movimentação no lado contrário. 

Então alguém poderia me explicar por que diabos o pivô apareceu em quarto no ranking de chutadores do Brasil nesta estréia na Copa América? Isso mesmo: quarto. Alex  chutou 14 vezes (em 27 minutos), apanhado pela armadilha venezuelana (mais, abaixo), Machado e Giovannoni, 11 vezes cada (em 23 e 28 minutos, respectivamente) e Splitter, oito ao lado de Huertas (em 31 e 33 minutos, respectivamente).

Aliás, aqui o disparate só aumenta, não só pela desproporção entre arremessos por minuto: com um aproveitamento de sete acertos em oito arremessos, incluindo 100% nos três pontos, se era para alguém 'roubar' bola de Splitter, que esse fosse Huertas. Fica muito claro que a dupla está um degrau acima, e não há mal nenhum em reconhecer isso, há?

Eu fico imaginando o que passaria na cabeça de Splitter se ele não fosse um cara tão pacato, feliz de tirar férias de seus clubes com os companheiros brasileiros, talvez para compensar tanto tempo vivido fora de seu país, já que se mudou para a Espanha, sozinho, aos 15 anos. 

Esses amigos podiam prestar um pouco mais de solidariedade em quadra. Como provam as seis assistências desta terça-feira, se pingarem a bola em Splitter, não estamos falando de um buraco negro. 

A bola pode voltar para os tiros de fora, fiquem tranquilos. 

Sobre essa Venezuela

Em vez de apenas fazer a dança da chuva e pregar o caos após o sufoco desta estreia, também podemos falar uma coisa ou outra positiva sobre essa Venezuela que o Brasil enfrentou na estreia. 

Estamos falando de uma renovada e saudável equipe, ainda que estejam no quinteto titular o veterano Oscar Torres, o sucessor de Carl Herrera na NBA, na qual chegou por pernas próprias, como free agent em uma época sem muitos latinos presentes, e Hector Romero, que não prece em sua melhor forma, lento ao sair do chão, e explosão é sua principal característica.   O dono do time agora é Greivis Vasquez, de 24 anos, e imagino que os brasileiros não tenham o que contestar aqui. 

O armador do Memphis Grizzlies fez gato-e-sapato da defesa de Magnano nos três primeiros quartos, até que naufragou no quarto período – talvez por uma combinação de falta de pernas, excesso de confiança (querido Greivis, com seu time atrás no marcador, restando menos de quatro minutos, parece não ser o melhor momento de tentar assistências feito Magic Johnson no meio do garrafão...) e marcadores mais atentos. Acertou bolas espantosas diante de braços tupiniquins estendidos à sua frente. Sem precisar carregar a bola a todo santo ataque, teve liberdade para se movimentar pela quadra, e entrou quando quis no garrafão brasileiro (bateu 11 lances livres). 

Aí recorremos a uma anedota, rebobinando a fita em quatro anos, por favor. Trocamos os cassinos de Mar del Plata pelos megacassinos de Las Vegas, lá no deserto de Nevada, sede daquela fatídica Copa América. Vasquez iria entrar apenas em seu ano de sophomore (segundanista) pela universidade de Maryland, e já tinha um papel proeminente no time nacional que iria abriria sua campanha contra um rival favoritíssimo – os Estados Unidos. Era o segundo ano do projeto de retomada do país, e Kobe Bryant fazia sua estreia pela seleção. Kobe, dos mais velhos da turma, decidiu liderar por exemplo: entrou em contato com os scouts norte-americanos  e perguntaram em quem ele poderia ficar de olho. Acostumados a avaliar jovens talentos para suas franquias, eles estavam familiarizados com Vasquez e responderam de prontidão que o então jogador de 20 anos poderia ser um bom alvo. Pois Bryant se dedicou desde o primeiro ataque a marcar Vasquez de modo implacável, cobrindo a quadra toda atrás do garoto. Como se precisasse… A atitude inflamou o restante do Team USA, que saiu atropelando todos os seus adversários por dois anos seguidos até sofrer contra a Espanha para ganhar o ouro em Pequim-2008.

Pois bem. Hoje Vasquez é também um profissional da NBA, escolhido na primeira rodada do draft do ano passado, e já teve atuações destacadas na memorável temporada dos Grizzlies. Talvez Kobe não seja mais tão intimidador aos seus olhos, muito menos o combativo Alex, que tentou de tudo, mas não viu sua pressão surtir muito efeito desta vez, algo raro de se testemunhar quando está mergulhado nesse tipo de missão.

Há ainda duas revelações (aqui avaliadas pelo que apresentaram contra o Brasil e não pela grife do basquete universitário): como citado no post anterior, Greg Echenique, de 20 aos, tem um corpanzil que requer cuidado no choque e está quase sempre bem posicionado próximo ao aro, para apanhar rebotes e converter curtas assistências, embora possa ter dificuldade para finalizar contra pivôs de maior envergadura. Echenique joga pela universidade de Craighton.  Já David Cubillan é um escolta mais focado na finalização de jogadas, de baixa estatura, mas cuja presença é balanceada por Vasquez, que passa de 1,95m de altura. Inventivo na hora de finalizar no garrafão, ele é formado pela universidade de Marquette. São dois jogadores que certamente vão acompanhar Vasquez nos próximos torneios. 

Do elenco presente em Mar del Plata, apenas três jogadores estão acima dos 30 anos (Torres, Romero e o ala-pivô Axiers Sucre). O ala José Vargas, cestinha versátil e chato de se marcar, tem 29. O restante é de 25 pra baixo. 

Outro fator importante a ser considerado é a mudança no banco de reservas da equipe. Néstor Salazar deixou o cargo de técnico depois de exercer a função desde 2003, sendo 2009 um ano sabático. Em seu lugar veio Eric Musselman, norte-americano que cresceu com o jogo ao seu redor, já que o pai, Bill, teve uma looooooonga carreira no ramo (foi o primeiro técnico do Minnesota Timberwolves, trabalhou nas ligas menores como CBA e certamente tinha muitos causos para contar). Musselman assimilou um pouco do espírito do pai, se aventurando pela mesma CBA, pela USBL e NBADL, tendo também dirigido o Golden State Warriors e Sacramento Kings. Vê-lo saltitando ao lado da quadra em um pé só – o outro está protegido por uma tala, depois de ter sofrido uma lesão nos treinamentos venezuelanos – dá uma ideia de sua dedicação ao esporte e da energia que pode oferecer ao renovado grupo.

Digamos que a Venezuela não é conhecida como o país mais contante no basquete. Mas há uma promissora base aqui a ser trabalhada. 

Partida ganha

"Não pode entrar no jogo achando que já ganhou. Esperávamos um jogo fácil."

Foi mais ou menos com essas palavras que Alex, o velho Brabo de sempre, definiu a vitória suada do Brasil contra a Venezuela no Pré-Olímpico de basquete, num momento de sinceridade logo ao sair da quadra. 

Estamos de acordo, então. Realmente essa foi a impressão que passou a seleção brasileira em sua estréia, a de um time que foi pego desprevenido, seja no aspecto psicológico ou mesmo no técnico e tático. 

Um despreparo que podia ter custado muito caro: numa situação hipotética de revés banhado de vinotinto e de algum revés caribenho – alô, Barea, diga hola, Calipari –, a equipe de Magnano já se veria pressionada para o restante da competição, correndo atrás de resultados positivos contra seus dois principais rivais para tentar fugir de uma semifinal contra a Argentina. Algo, então, que não pode se repetir no torneio. Por sorte, esse cenário agora só existe em no campo do futuro do pretérito. Agora é tratar do que realmente vem pela frente, Canadá e República Dominicana especificamente. 

O jogo contra Cuba não pode ser levado como parâmetro para muita coisa, e qualquer situação praticada em quadra dificilmente vai servir para o restante da competição, em especial as táticas de abafa em cima da bola. Diferentes níveis técnicos em quadra. Algo que talvez valha nota seria a marcação em cima de Lisvan Valdez, que mostrou contra os dominicanos um apetite nas bolas de três pontos, um setor em que a defesa brasileira ainda vem pecando em conter. Estão aí na boxe score os 40% permitidos aos venezuelanos para comprovar. É preocupante, por mais que nosso Greivis Vasquez tenha feito algumas bolas miraculosas que deixariam Zach Randolph saltitante – afinal, da mesma forma, a equipe errou alguns arremessos forçados nos segundos finais na tentativa desesperada de se aproximar no placar. 

Outro ponto a ser observado, quiçá, sejam os rebotes, já que os cubanos pegaram 13 a menos que os dominicanos na estréia. Se eles, por acaso, conseguirem equilibrar a disputa com o Brasil, é sinal de que estamos com problemas gravíssimos no departamento. Contra a Venezuela, ganhamos por nove, mas desconfio que o número só cresceu na metade final do quarto período. Antes disso, o jovem pivô Greg Echenique estava fazendo estragos na tábua ofensiva com seu corpanzil e ótimo posicionamento (12 pontos, sete rebotes e 50% de quadra), especialmente com Splitter fora de quadra para curar mais alguns edemas. Echenique, aliás, foi uma grata surpresa venezuelana no vinda do basquete universitário dos EUA, onde atua por Creighton, depois de se transferir de Rutgers, onde era encarado como uma peça primordial na divisão Big East.

Para os próximos jogos, em especial os confrontos com canadenses e dominicanos, é imperativo que o Brasil se empenhe mais nos rebotes e, ao mesmo tempo, não deixe de vigiar a linha dos três pontos. 

Isso sem falar no mais grave: a consistência defensiva nesta terça-feira. Tão celebrada nos torneios amistosos – e a pergunta que fica é a troco do quê? –, a marcação brasileira foi terrível diante dos venezuelanos, ou ótima sob o ponto de vista dos adversários. Escolha. Vasquez, David Cubillan e José Vargas encontraram facilidade para infiltrar. Isso abriu a quadra para o tiro de três pontos e cestas fáceis dos pivôs venezuelanos. Todos eles abaixo dos 2,10 m de altura, diga-se de passagem. Foi apenas a partir do minuto 35 de jogo que a seleção nacional fez coberturas apropriadas e tiraram os rivais da partida, com os defensores atentos a seus homens, sem se atrapalhar em dobras e contestando os arremessos – que, melhor ainda, saíam forçados.

Outro ponto curioso do confronto foi o desafio que os venezuelanos apresentaram em forma de armadilha: alguns jogadores, Alex em especial, tinham total liberdade para arremessar. Seus defensores estavam claramente instruídos a recuar diante do camisa 10, sugerindo que fizesse o arremesso. Sabemos que esse não é o seu forte, e ele mordeu a isca: arrmessou cinco bolas de três pontos, e não converteu nenhuma. Rafael Luz, por outro lado, matou duas de três tentativas.

O Brasil precisou de cerca de 34 minutos para se ajustar definitivamente ao plano de jogo de seu oponente. É muito tempo, e alguém falhou aí: ou o campeão olímpico Ruben Magnano, ou os jogadores em acatar qualquer ajuste que tenha vindo do engravatado argentino. De novo: falhas que não podem ser repetidas diante dos rivais caribenhos. 

Não é questão de bradar o fim do mundo: no fim, o Brasil venceu e agora tem o direito de seguir sua trilha. Só não dá para dizer que foi uma ótima partida da equipe, como anunciou o comentarista. Esse definitivamente não seria o melhor discurso a ser adotado, e aqui fica registrada uma total perplexidade diante de tal avaliação, como se apenas cinco minutos de 40 contassem e como se Magnano não estivesse muito perto de um colapso na lateral da quadra. Nessa hora, em contraponto ao especialista, a franqueza de Alex veio como um baita alívio.