segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

De Popovich não duvidarás

Só dá para jurar uma coisa: a pauta já havia sido pensada antes de o TrueHoop publicar esse texto aqui

Enquanto monitorava o comportamento de um visitante canino temporário no bunker do VinteUm, localizado na Vila Guarani paulistana, dava para espiar de canto, discretamente, para não atrair a fúria de dentinhos-serrilha, o que se passava no duelo texano entre San Antonio Spurs e Dallas Mavericks. Ainda bem, pois o que se viu em quadra foi algo lindo. 

Ninguém chegou a dar uma enterrada absurda como essa de LeBron James, que passou por cima (literalmente) de Josh Lucas (paciência, que o vídeo carrega): 


Não houve um lance intuitivo como esse de Rudy Fernández, pelo Denver Nuggets, contra o Los Angeles Clippers:



Mas teve uma aula tática, estratégica por parte de Gregg Popovich, o laureado treinador do San Antonio Spurs e alvo de infinitas reclamações e cornetadas da turma do amendoim brasileira na temporada passada devido a sua censura a Tiago Splitter.

Bem, depois do que vimos ontem a lição que fica é velha: procure evitar duvidar de Popovich. 

Com sua equipe 18 pontos atrás do marcador, ele usou um movimento recorrente da sua parte, especialmente numa temporada massacrante como a atual: sacou todo o seu quinteto titular de quadra e viu no que dava. Seu quinteto ficou com Splitter acompanhado de Matt Bonner (O Foguete Vermelho), Danny Green (ala que era destaque em North Carolina, amado pelos estatísticos, mas desprezado pelos scouts até assegurar seu espaço), Gary Neal (barganha importada da Europa após ser completamente ignorado pela liga quando deixou a universidade) e James Anderson (certinha que jogou ainda menos que o brasileiro em 2010-2011 devido a uma grave lesão).

Esse quinteto não só devolveu o time ao jogo, como chegou a colocar nove (!!!) pontos de vantagem nos atuais campeões no quarto final, até que Jason Terry apareceu para o resgate. Foi uma pintura, ou algo assim. Sem nenhum armador nato, Green, Neal e Anderson compensaram, cada um levando a bola ao seu modo, como se tivessem se transformado, no fim, em três armadores de verdade, sem se importar com a pressão de uma vespinha como Roddy Buckets. 

Era de deixar o ultrapreparado Rick Carlisle ainda mais careca: seu time simplesmente não encontrava resposta para essa formação bizarra, mas que se mostrou completamente sólida, com cinco jogadores realmente compondo uma unidade. Apanhando rebotes, negando Dirk Nowitzki (ótima defesa de Splitter, por sinal, evitando cair nas fintas mortais do alemão). 

Eles jogaram todo o quarto final e a prorrogação inteira – Bonner chegou a ser substituído brevemente por Kawhi Leonard durante lances livres no finzinho do tempo extra. Eufórico, de pé, Tim Duncan torcia no banco de reservas como se fosse a mascote do clube ou um calouro. E, lance após lance, esses renegados se mantinham no páreo. 

Por um lance livre errado de Splitter, que procurou atacar um vulnerável Nowitzki sempre que pôde, o time não garante a vitória no quarto período. Por 0s1 a menos, o time não garante a vitória em um arremesso (quase-)milagroso de Green, recebendo a bola com 0s5 no cronômetro, girando na zona morta a média distância. Por um lance livre errado de Gary Neal, o time não força ao menos uma segunda prorrogação.  

Popovich pode ter perdido uma luta. Mas, no plano maior, ele teve uma grande vitória. Ganhou a confiança de cinco jogadores em uma ocasião mais que especial. Ainda poupou seus veteranos Duncan e Tony Parker de um estresse daqueles, enquanto o combalido Mavs se desgastava em 53 minutos.

"Achei que tinha valido o arremesso", disse Green. "mas imagino que seria bom demais para ser verdade."

Aqui, a jogada fantástica não aconteceu:


Duas tabelas para Varejão


"Estou muito satisfeito com nosso veterano do Brasil. Há alguém que você mais queira em sua trincheira do que Andy V.?!"
Dan Gilbert
O controverso proprietário do Clevaland Cavaliers foi a público neste domingo, via Twitter, para elogiar seu armador novato Kyrie Irving, que fez a cesta da vitória, mas também fez questão de destacar o rendimento do pivô brasileiro Anderson Varejão, que vem cumprindo uma ótima temporada, com médias de 9,9 pontos e 11 rebotes por jogo, acima dos 7,2 e 7,1, respectivamente, de sua carreira. 

O capixaba fez (mais um) grande jogo em Boston, com 18 pontos e nove rebotes, ajudando sua jovem equipe a surpreender os veteranos do Celtics no quarto período. 

Com sua cabeleira balançando para todos os lados, Varejão segue como o pivô mais chato da liga – do ponto de vista de seus oponentes –, colocando sua mão em tudo, seja azucrinando suas tentativas de drible ou se jogando ao chão por qualquer bola perdida, trombando, cavando faltas. É uma praga. 

Mas tem ido além disso. Contra a antes temida defesa de Boston, agora já bem distante do padrão Tim Thibodeau de qualidade e envelhecida, o brasileiro mostrou uma iniciativa no ataque rara em quadras norte-americanas – bem diferente de sua postura na Copa América de 2009 pela Seleção, em Porto Rico, por exemplo. 

Ele arriscou ganchos na passada, procurou fazer fintas de costas para a cesta, bateu para dentro, sem se limitar a ser um mero passador e executor de corta-luzes, descobrindo que, sim, existe uma tábua ofensiva para se pontuar, terminando com oito bolas convertidas em 12 arremessos. Em média, Varejão vem sendo envolvido em 15,6% dos ataques do Cavs nesta temporada, depois de ter ficado na casa entre 12 e 13% nas últimas seis temporadas. O senão fica por conta da queda de seu aproveitamento de quadra, 48,1%, bem abaixo dos 51,7% de sua carreira.

Outra boa nota para Magnano adicionar a sua preparação rumo a Londres-2012.

Varejão bate para dentro cercado pelos veteranos do Celtics: agora incomodando no ataque também

sábado, 28 de janeiro de 2012

A coroa ameaçada

Marcelinho vai enfrentando desafios mais duros no NBB 4
Aqui no QG do VinteUm, fugindo do sol que vem pesado pela janela, e, creiam, é um milagre que esteja fazendo sol em São Paulo em janeiro de 2012,  assistimos novamente a um estrangeiro mostrando ao batalhão nacional como se deve marcar Marcelinho Machado. Requer preparo físico, disciplina e disposição para contato. Quem topa?

Depois de Robert Day, pelo Uberlândia, dessa vez foi Juan Figueroa o distinto gringo, numa decisão interessante por parte de Claudio Mortari, que optou por  um jogador mais baixo, mas mais veloz (e aplicado) para a missão. Deu  certo. O argentino acompanhou o veterano brasileir, um ou dois passos mais lento, encarando todos os corta-luzes fora da bola, sem deixar o jogador confortável para recebê-la e atirar.

(É de ficar pasmo que ninguém entre o experiente ala, o armador Hélio ou o treinador argentino Gonzalo Garcia tenha notado o que se passava em quadra e  decidido por uma simples jogada que deixasse Marcelinho isolado com o tampinha argentino próximo ao garrafão seria um modo de contra-estratégia). 

No primeiro tempo, Machado ia passando batido até o fim do segundo quarto, devidamente contestado, até conseguir anotar uns oito, nove pontos nos dois minutos finais. Com o decorrer do jogo, a estrela rubro-negra escapou mais vezes, procurou diversificar mais seus movimentos e terminou com 22 pontos em 37 minutos, convertendo sete de seus 13 arremessos. Enquanto teve Figueroa em seu encalço, porém, seu rendimento foi muito fraco.

Figueroa, que encontrou o camarada Kammerichs, dessa vez teve papel primordial na defesa
No geral, contando os números até a rodada deste sábado, Marcelinho era o quinto principal pontuador do campeonato, com 18,92 pontos, convertendo 50,83% dos que tenta. Em qualquer liga de ponta, esse seria um número deveras respeitável. Acontece que ainda estamos longe de chegar lá, e o número perde bastante de sua força quando comparado com os demais cestinhas da temporada. 

Vejamos seus companheiros regulares de Seleção: a) Murilo tem 20,93 pontos e 60,27%. Marquinhos, 20,27 e 60,68%. Alex vem ainda melhor, com 17,69 e 61,1%. 

O fominha Kevin Sowell lidera a tabela, com 21,17, com um aproveitamento de 54,74%. Shamell e Fischer, quarto e sexto colocados e outros dois jogadores notórios por forçar seus chutes sem estresse algum, têm, respectivamente, 55,66% e 54,83%. Para completar e piorar, David Jackson encestava 73,48% do que tentava. Na verdade, entre os 25 cestinhas do NBB, apenas um, o argentino Luciano González, com 50% cravados dos pontos que tenta, vinha com um aproveitamento inferior ao do capitão flamenguista. 

Neste sábado, o que se viu em quadra ajudou a explicar um pouco esses números. Individualmente, Shamell e Marquinhos, pelo Pinheiros, foram dominantes, atacando seus defensores, cada um ao seu modo, e se aproximando da cesta com facilidade. Do outro lado, o camisa 4 penava para se fazer relevante.

Os dias de cestas (nem tão) fáceis para Marcelinho em quadras brasileiras, se a concorrência estiver atenta, podem ter terminado. 

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O fantástico mundo de Ron Artest - Defender é moleza

Antes da criação do VinteUm, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers. 

Como já mencionado neste espaço, a leitura do site HoopsHype é obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo. As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo. 
Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores. 
Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

Defesa, defesa, defesa, defesa, zzzzz....
Achou que ia passar batido? Achou errado. 

Ron Artest causou um alvoroço daqueles no (agora) clássico angelino desta quarta-feira e foi primordial para a vitória do Lakers sobre o (ex-primo pobre) Clippers, dando tocos, coletando rebotes em tráfego, roubando bolas, atrapalhando de todos os modos a organização da ofensiva de Chris Paul. Provou a Kobe Bryant que, quando as coisas estão em ordem, ainda pode ser valioso parceiro. 

Os fás, célebres ou não, do time amarelo e roxo não agüentavam mais, não aceitavam a queda de produção deste Metta World Peace. Culparam a Dança com as Estrelas, a mudança em seu registro público, acreditavam que ele havia aderido ao lunatismo de vez. Pois julgaram mal todos eles. Ron-Ron estava sofrendo de tédio, gente. 

"Tinha ficado entediado com a defesa porque era tão fácil parar as pessoas durante os anos. Digo, fiquei realmente entediado com isso. Quando você está freando caras toda santa vez, que mais você vai fazer? Acabei tomado por isso", disse o ala, candidamente, ao Orange County Register. 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Quebra-pau!

48   

As faltas marcadas no jogo entre Brasília e São José, mais de uma por minuto de jogo. É muita falta de disciplina defensiva. Dedé e Rossi (em cinco minutos!) foram desclassificados. Três ficaram pendurados. Muitas delas aconteceram nos cinco, seis minutos finais de jogo, quando ambas as equipes estavam estouradas e, ainda assim, não se cansaram de entregar pontos fáceis aos adversários na linha de lance livre. Foi deste modo que São José viu evaporar sua vantagem de 12 pontos no quarto período – e, por ironia, ao ceder pontos fáceis, ao mesmo tempo parou o cronômetro involuntariamente, sobrando tempo para a cesta de Ricardo Fischer no finzinho.

Para relativizar:  

- No cada vez mais acirrado duelo entre Lakers e Clippers (assumidamente tenso nesta quarta-feira), 40 faltas foram marcadas, mesmo número do embate entre Indiana Pacers e Chicago Bulls, que carregam um histórico de playoff recente e têm fortes defesas   E não podemos esquecer que as partidas da NBA têm 48 minutos de duração e os jogadores ainda podem cometer uma falta a mais antes de serem eliminado.  

- No duelo entre Utah Jazz e Toronto Raptors, decidido em prorrogação dupla com 13 pontos de Leandrinho, foram anotadas 51 faltas em 58 minutos.   

- No duelo entre New Jersey Nets e Philadelphia 76ers, com uma prorrogação, foram apitadas 35 faltas em 53 minutos.   

- No último Real Madrid x Barcelona, o apaziguador clássico espanhol, no dia 14 de janeiro, os jogadores acumularam 32 faltas no total. 

Lucas Tischer x Murilo: raro duelo físico no NBB

A má educação

Selecionável contra selecionável: Alex diante de Murilo em jogo caótico. Crédito: LNB


Pode falar que trabalha contra, que só vê o copo meio vazio sempre. 

Como ignorar a história de um final eletrizante, com um prodígio se redimindo de seus erros no minuto final e conduzindo sua equipe ao triunfo? Contra os atuais campeões?? Fora de casa??? E vai falar mal de tudo ainda?!?!?!?!?

Vai, sim. 

Foi uma eletrizante vitória de São José para cima do Brasília? Foi. Foi uma bela vitória de São José para cima do Brasília, Desculpem, mas não. 

Em determinado momento do terceiro quarto, o time do Vale do Paraíba já tinha seu oponente praticamente nocauteado. 

Mas a inconsistência, a inconsequência praticada pelos clubes brasileiros parece impedir, proibir que exista uma vitória enfática no campeonato. Gera equilíbrio, pega bem para o espetáculo (midiático), mas, na hora de opinar aqui, nada disso importa. 

Um minuto final de jogo não pode apagar os outros quatro, 17 ou 39 que passaram. Fica a impressão que isso já foi escrito antes, mas não vale acusar de autoplágio: para o garoto Ricardo Fischer virar um herói, ao roubar uma bola no fim, fazer a bandeja, sofrer falta e virar o jogo no lance livre (bravo!)… Para São José virar o jogo de modo dramático … Foi preciso que o mesmo Fischer e todo o time se atrapalhassem em quadra.

(Pausa obrigatória e alarmante para avaliar a lambança de Brasília: por onde começar? Como pode o time mais experiente do campeonato, ao lado do Flamengo, não conseguir executar uma reposição de bola no meio da quadra? Guilherme Giovannoni estava batendo o lateral. O atual MVP, escaldado de Europa e Seleção. O atual campeão, com três "heróis" pré-olímpicos. É desses que estamos falando).

Agora voltemos ao garoto Fischer, que já foi soberano na base paulista. Inegavelmente um talento, ligeiro e atlético que só, pode atacar de diversas formas, inclusive com um chutinho em flutuação bem trabalhado para alguém da sua idade. Sobrecarregado pelo desfalque de Fúlvio e pela péssima noite de Matheus, se virou como pôde e em diversos lances mostrou seu potencial – sete assistências, cinco rebotes e quatro tocos. 

No entanto, quando a corda apertou no período final, justamente por não ter ainda a capacidade de ditar o ritmo de uma partida – e também pela falta de controle emocional generalizada de sua equipe –, o jogador se perdeu num carnaval de decisões equivocadas com a bola, confundindo personalidade com irresponsabilidade. 

Bacana que ele tenha feito a bola que fez no fim, só mais uma prova de seu talento. Nesta cultura que o NBB não sinaliza mudar, porém, essa é uma forma de educação perigosa. 

Era uma vez no Texas

"Você aprende mais quando joga. Você aprende com o que vê todo dia e passa a sacar o jogo."
Tiago Splitter 
"Ele praticamente não jogou no ano passado, então é tudo novo para ele. Ele estuda o jogo, assiste aos jogos, entende os jogadores. Aprende rápido."
Gregg Popovich
Não são as frases mais contundentes ou inventivas, mas dizem muito a respeito do pivô catarinense e o que o levou até o ponto em que está hoje: discrição, disciplina, eficiência, educação – talento também.

Não custa lembrar a trajetória de Splitter, que desembarcou na Espanha aos 15 anos de idade, sozinho, até se tornar um dos melhores do mundo em sua posição. Muitos tentaram repetir essa trilha depois e ficaram pelo caminho.

Depois de um ano sabotado por lesões e muito chá de cadeira, era tudo bem difícil de compreender ou aceitar, uma mistura de incredulidade, frustração e apreensão (né, Magnano?). O que acontecia? Será que o Tiago não vai emplacar mesmo na NBA? O Popovich não vai facilitar mesmo? 

Bem, o segundo ano também havia começado de modo tímido. Mas Splitter, enfim, se encontrou. Nos últimos cinco jogos pelo Spurs, ele sustenta médias de 14,6 pontos e 7,4 rebotes, com embasbacador aproveitamento de 72,5% nos arremessos e 75% nos lances livres. Em apenas 23,6 minutos, gente. 

É uma produção formidável, que foi ainda melhor nesta quarta em triunfo sobre o Hawks por 105 a 83, em casa. Foram 16 pontos, oito rebotes, duas assistências e um toco em 20 minutos, convertendo cinco de seis arremessos e seis de sete lances livres. Não vai ter como tirá-lo desse jeito.

Resolvemos, então, testar nossa própria paciência e verificar: como ele está fazendo isso? Assistimos ao VT da vitória do Spurs sobre o Hawks nesta quinta-feira e contamos aqui um lance-a-lance de Splitter:

Pré-jogo
A transmissão local de San Antonio destaca o bom momento do brasileiro, que foi muito bem em dois jogos fora de casa da equipe, falam que ele está crescendo.

1º quarto
- 4min30s: É o primeiro reserva a sair do banco de Popovich, substituindo Tim Duncan. Em sua primeira posse de bola, ele se mantém firme em seu posicionamento ofensivo, braços estendidos até o fim, as perna se mexendo lateralmente com rapidez, enquanto era confrontado por Zaza Pachulia, este de costas para a cesta. O geórgio não consegue se impor fisicamente e passa de volta para o perímetro, desequilibrado. A bola vai direto para a quadra defensiva. Turnover.

- 2min43s: no lado direito do garrafão, se antecipa no rebote de lance livre de Tony Parker e dá o tapinha para trás, em seu primeiro rebote ofensivo.

- 2min12s: dessa vez é Josh Smith que recebe a bola na esquerda do garrafão para atacar Splitter. O ala finge que vai pelo fundo, gira para a direita, volta para a esquerda, e o catarinense está impávido, sem ter tirado os pés do chão uma vez sequer. Contesta o gancho de canhota do oponente e fica com o rebote defensivo, ligando o contra-ataque com Tony Parker.

O gancho de Smith não entra: pés plantados e porta fechada
- 1min51s: DeJuan Blair estabelece posição pela direita, erra o arremesso no centro do garrafão, e a bola só dá tabela. Mais alto, alerta, bem colocado, Splitter apanha seu segundo rebote ofensivo no jogo por cima de Ivan Johnson, veterano-novato de 27 anos do Hawks. Ele se aproveita do oponente desestabilizado e cava a falta no arremesso. "Tiago está esquentando de novo", diz o narrador. Ainda com uma forma estranha, mas renovada, ele acerta os dois lances livres. O comentarista Sean Elliott afirma que seus companheiros precisam reconhecer seu momento, sem contar o fato de que Blair encara a marcação sempre desafiadora de Smith.

- 1min25s: Parker serve Splitter pela esquerda do garrafão.Dessa vez com Smith colado, o brasileiro tenta um passe rápido, quicado, para o ala Danny Green, mas com muita força, e a bola sai pela linha de fundo. Turnover. "Nessas horas, Tiago precisa entender que tem uma vantagem de tamanho e está bem colocado. Vá em frente, tente sua jogada", pede Elliott. 

- 31s: O jovem armador canadense Cory Joseph, bem mais magrinho do que na Copa América, tenta "quebrar" um corta-luz de Splitter na quinta direita do perímetro, mas é desarmado. O pivô recupera a bola, gira e passa para Danny Green, que acerta, marcado de modo preguiçoso por Joe Johnson, uma bola de três. 

- 1s4: Joseph parte com tudo para o ataque e, numa bela infiltração, girando da esquerda para a direita, faz a assistência para Splitter, que faz uma bandeja baixa, bola no quadradinho e cesta, antes do estouro do cronômetro.

2º quarto
- Popovich começa o período com sua segunda unidade; Matt Bonner entra no lugar de Blair. 

- 11min48s: Tracy McGrady comanda um pick-and-roll central com Ivan Johnson e corta para a esquerda. Splitter recua para a cobertura e deixa o ala-pivô livre para receber o arremesso e acertar um tiro de média distancia, na cabeça do garrafão.

- 11min36s: Gary Neal serve Splitter na esquerda. O catarinense está de costas para a cesta, espera Neal cortar e limpar a quadra. Ele dá dois dribles para o centro e acerta um "meio-gancho" de direita na passada.

Proteção para acertar a bola com um meio-gancho de direita
- 10min58s: Splitter se posiciona mais próximo do garrafão pela esquerda e recebe de Bonner. Dribla duas vezes para o centro, mas gira para fora. Atento, Johnson bloqueia o arremesso, que teve pouca elevação. 

- 10min30s: McGrady investe pelo centro, recebe o corta-luz de Jonhson e passa para o pivô. Splitter se recupera e toca a bola com as mãos, atrapalhando o movimento do adversário, que é forçado a passar a bola de qualquer jeito já no ar. Com o time desencontrado, o Spurs consegue o contra-ataque e faz a cesta, com Joseph.

- 9min25s: McGrady ataca Green novamente pelo centro, Splitter desce para a cobertura, mas não tem tempo de se aproximar para valer, e o ala faz assistência para Johnson, que converte no topo do garrafão o chute de média distância. 

- 9min05s: Joseph passa para Splitter na direita, o pivô gira e fica de frente para a cesta, vê seu caminho obstruído e move a bola com rapidez para a esquerda, encontrando Bonner livre na linha de três. O ala-pivô pisa na linha, mas converte o arremesso.

- 8min45s: McGrady dessa vez ataca pela direita e passa mais uma vez por Green com facilidade. O veterano vai com tudo para a bandeja, mas se depara com o brasileiro, que acertou na cobertura. Novamente sem tirar os pés no chão e com os braços erguidos, ele impede a cesta. No contra-ataque, Bonner mata de longe e o Spurs enfim consegue uma separação no placar, com 35 a 26.

- 7min46s: Splitter recebe a bola na direita, colado ao garrafão, bem fundo, de costas para Pachulia. Ele dá três dribles rumo ao centro, quase perde a bola, mas se rearruma, gira para fora e converte um ganchinho típico de direita, por cima do geórgio.

- 7min25s: Green chama Splitter para uma jogada de dupla pela esquerda e corta para o fundo. Pachulia acompanha o ala e deixa o catarinense desmarcado para colher a assistência e partir sozinho para a bandeja de esquerda. Eliott: "Sua confiança cresce a cada segundo. E seus companheiros começam a se dar conta de que ele pode pontuar no garrafão". São dez pontos e três rebotes em nove minutos. 

Uma bandeja com liberdade para Tiago Splitter
- 6min20s: Willie Green arremessa pela direita em mais um ataque equivocado do Hawks. Splitter, não tão bem posicionado, apanha o rebote no reflexo e já liga o contra-ataque. 

- 6min13s: Splitter é aplaudido ao sair de quadra, dando lugar a Duncan. Respira e sorri um pouco no banco.

- Depois de abrir mais de dez pontos de vantagem, o Spurs permite uma reação dos visitantes, e o placar é de 48 a 44 ao final do primeiro tempo.

3º quarto
- Insatisfeito com sua defesa, Popovich para o jogo com menos de um minuto jogado e 50 a 48 no placar. Na volta do tempo, Bonner volta no lugar de Blair, para espaçar a quadra. Parker e Jefferson também são sacados.

- 4min27s: Splitter volta ao jogo no lugar de Duncan. 65 a 57.

- 3min40s: Parker chama o corta-luz de Splitter na quina esquerda. Pachulia sai para fechar sua progressão e demora para voltar. O francês passa para o brasileiro, que parte para a cesta sem muita explosão, mas sofre a falta de Marvin Wiliams. Bate dois lances livres – faz o primeiro e perde o segundo.

- 3min23s: Ivan Johnson recebe a bola na cabeça do garrafão, faz a finta e parte para a esquerda. Splitter nunca chegou a saltar (embora tenha feito a menção) e se recuperou muito bem na jogada, correndo para o lado, fechando o caminho do americano para dar o toco em seqüência.

- 2min51s: Joe Johnson ataca a marcação de Kawhi Leonard pela esquerda, Splitter se desloca para fechar o garrafão e deixa Ivan Johnson livre para acertar mais uma bola de média distância. A rotação de defesa do time texano também falhou pela terceira vez. Ou a comissão técnica não conhecia o ala-pivô…

- 36s: Agora Splitter joga com a parceria de Blair, que entrou no lugar de Bonner. Willie Green penetra na defesa do Spurs e passa ao lado para Ivan Johnson, que dribla pela direita e tem seu arremesso contestado pelo brasileiro e acerta uma pedrada no aro.

- 9s: Parker chama Splitter para pick-and-roll frontal e sai pela direita. Splitter se desloca para o garrafão. Pachulia se desloca para cobri-lo, enquanto Ivan Johnson caça borboletas em quadra. Parker acha Blair livre debaixo da cesta  para pontuar a tempo: 76 a 61, a maior vantagem do time até aqui.

4º quarto
- 11min50s: Parker tenta servir Splitter pela esquerda, mas a jogada resulta num turnover. O passe quicado do francês sai fraco e o brasileiro falha ao selar seu defensor, permitindo que Ivan Johnson intercepte o passe e roube a bola.

- 11min21s: Parker cadencia o jogo pela direita, recebe o corta-luz de Splitter e puxa a bola para o centro. O Hawks decide trocar a marcação no pick(finalmente!), com Ivan Johnson saindo para combater o armador e Kirk Hinrich ficando com o pivô, mas eles tentam voltar a seus jogadores rapidamente, numa brecha fatal. Parker ergue a cabeça, Vladmir Radmanovic sai na cobertura do catarinense, e deixa Blair livre no garrafão. O grandão recebe do armador e faz um passe rápido para Splitter, que percebe a chegada atrasada de Johnson, faz a finta, sofre a falta no alto e converte seu arremesso. Ele ainda converte o lance livre e chega a 14 pontos.

Relação em quadra com Parker cada vez mais entrosada
- 9min22s: Depois de capturar seu sexto rebote na defesa, Splitter batalha por posicionamento com Ivan Johnson no ataque, fora da bola, e descola uma falta do rival, sua quarta na partida.

- Parker causa um alvoroço na defesa do Hawks seja em contra-ataques ou pick-and-roll, e o Spurs abre 21 pontos de vantagem.

- 7min47s: Parker dribla pela esquerda no perímetro. Leonard faz corta-luz fora da bola para Splitter em cima de Pachulia, e o catarinense flutua para dentro da defesa do Hawks com liberdade. Recebe o passe, gira para a cesta e passa rapidamente para Blair, que acaba errando a bandeja. Belo ataque.

- 6min43s: Por duas posses de bola seguidas, Splitter faz bloquei perfeito de rebote contra Pachulia e inicia o contra-ataque rápido com Parker. Seus sexto e sétimo rebotes no jogo.

- 6min12s: Zaza Pachulia, um notório encrenqueiro, tenta invadir o garrafão, e Parker bate sua carteira por trás. Descontrolado, o geórgico acerta uma cotovelada, sem bola, em Splitter, em falta intencional. O brasileiro bate dois lances livres e chega aos 16 pontos totais no jogo. 

O novo lance livre de Splitter? É assim: ele dribla a bola três vezes. Sobe com ela até a altura do peito, desce-a um pouco e eleva-a rapidamente num único movimento – a mão esquerda não exatamente na lateral da bola, mas um pouco na diagonal. Sai, então, de quadra ovacionado pela torcida, bate um papo animado com Duncan no banco, e Bonner volta. O Spurs vencia  por 92 a 69. Dois minutos depois, Popovich volta a trocar seu time, Duncan brinca, perguntando se havia sido chamado, querendo entrar em quadra, e é detido pelo treinador em sua cadeira. 

Resumindo
Splitter está muito mais à vontade em quadra. Ainda sofre um pouco com a capacidade atlética elevada que a NBA apresenta, mas vai se adaptando. 

O brasileiro começa a se entender no pick-and-roll com Parker, jogada que ele cansou de fazer na Espanha com Pablo Prigioni e Huertas. Mesmo sem um arremesso confiável, ele se torna uma ótima armada nesse tipo de combinação por se deslocar com muita agilidade lateralmente e por saber se posicionar de modo que seu armador sempre tem uma opção viável de passe – seja para suas próprias mãos ou para outro atacante, caso um defensor tenha se deslocado para marcá-lo. 

Em ataques um-contra-um, Popovich e Parker ainda se sentem mais confortáveis em abastecer Blair no garrafão, embora o brasileiro venha correspondendo. De todo modo, nas duas opções, precisa de espaço para operar e, por isso, a parceria com Bonner é mais indicada. Mas sua produção com Blair também provou dar certo (e não há por que não funcionar com Duncan, logo). 

Agora, uma coisa: o sucesso de Splitter não passa despercebido por Popovich, mas também é notado com atenção pela concorrência. Ele pode esperar ajustes dos adversários. De modo que o catarinense deverá seguir com sua rotina de devorar os VTs de seus jogos e desenvolver uma resposta. Não deve ser um problema. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sem treinar numa temporada maluca

40-63


Cortesia de uma sacada do jornalista J.A. Adande, do ESPN.com, esse é o retrospecto combinado de vitórias confrontado com o de derrotas dos seis clubes da NBA que entraram nessa temporada com treinadores novos: Detroit Pistons (Lawrence Frank), Golden State Warriors (Mark Jackson no lugar de Kevin Smart ), Houston Rockets (Kevin McHale no lugar de Rick Adelman), Los Angeles Lakers (Mike Brown no lugar de Phil Jackson), Minnesota Timberwoles (Rick Adelman no lugar de Kurt Rambis), Toronto Raptors (Dwane Casey no lugar de Jay Triano).

Claro que não vale como salvo-conduto para qualquer bobagem. E a lógica diz que, se um técnico foi trocado de uma temporada para outra, talvez seja por que a equipe não fosse tão boa. Foram apenas 15 dias de preparação e dois amistosos que os novos comandantes tiveram para se reunir com seus jogadores e tentar passar qualquer coisa parecida com uma filosofia de jogo.

Mas, nesta temporada comprimida e maluca da liga, não dá para esquecer de pensar uma ou duas vezes antes de fazer um julgamento. Isso não força Mike Brown a colocar Pau Gasol arremessando de longa distância, mas também não foi o treinador que pediu para que o Lakers disputasse 18 partidas em 29 (!!!) dias. Isto é, 18 jogos em menos de um mês. 

Adelman teve poucos dias para ensinar Rubio a ser uma estrela da NBA. Nem precisava, vai

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Robert Horry, ainda decisivo

O arremesso histórico, no estouro do cronômetro, contra Sacramento em 2002
"Acho que Phil Jackson começou aquela briga. Aconteceu muitas vezes depois de um treino, em que ele iria dizer: 'Kobe afirmou isso sobre Shaq, e Shaq disse isso sobre Kobe'… Mas não podíamos acreditar como isso poderia acontecer, porque, no dia anterior, víamos os dois juntos, um pulando no outro. O Phil gostava quando havia algum tipo de conflito." 
"Sempre digo para as pessoas: se você lembrar todos aqueles títulos, vai ver que jogador era mais próximo do outro. Normalmente, são os caras que primeiro vão se abraçar. E, quando estávamos vencendo, era sempre o Shaq e o Kobe se abraçando. Acho que isso responde sua pergunta. Depois, isso virou uma tempestade em copo d'água para a mídia, e os dois jogadores começaram fazer coisas que não faziam sentido."
Hoje em dia é assim. O que o Robert Horry, heptacampeão da NBA por Rockets, Lakers e Spurs, fala na Rússia nós ouvimos no Brasil. Há um grande risco de se perder tudo na tradução, mas, neste caso, as declarações são tão instigantes, vindo de um sujeito com esse currículo e renomado pela cara-de-pau nos momentos decisivos, que não dava para passar batido. Ninguém vai estranhar se o ex-jogador afirmar justamente isso no retorno aos EUA.

Além de ter visto de perto toda a montanha-russa de novela que foi o dominante Lakers no início da década passada, Horry jogou com gente como Clyde Drexler, Shaquille O'Neal, Tim Duncan e Manu Ginóbili em suas campanhas de título – isso para não mencionar Vernon Maxwell, Pete Chilcutt, Devean George, Rasho Nesterovic e Glenn Robinson. :)

Fabrício Melo, atleta-estudante, estudante-atleta

Fabrício Melo pode ter de trocar para valer o unfirome pelas apostilas de estudo

Problemas para Fabrício Melo – e Syracuse. Estava tudo indo tão bem.

Seguinte: neste sábado, contra Notre Dame, a equipe laranja sofreu sua primeira derrota na temporada 2011-2012 do basquete universitário dos EUA, depois de acumular 20 vitórias em 20 partidas. Coincidentemente, o time não contava com o brasileiro Fabrício  Melo em sua escalação pela primeira vez em 20 rodadas. 

Da sua parte, o técnico Jim Boeheim procurou desvincular uma coisa da outra: "Tivemos a semana toda para nos preparar sem Melo. Não sabíamos ao certo (se ele iria jogar), mas estávamos preparados para isso. Não sei como ele afetou nosso jogo porque ele não estava aqui".

O armador Scoop Jardine também desconversou: "Fab é a chave para a nossa defesa. Ele é uma âncora. Não foi isso, porém. Nosso ataque é que não funcionou hoje. Fab só faz seis pontos por jogo para nós. Não são muitos pontos".

Bem, Notre Dame anotou 67 pontos, converteu 50% dos seus arremessos (mesmo rendimento na linha de três pontos) e ainda bateu uma enormidade de 27 lances livres em 40 minutos de jogo, chegando a liderar por até 18 pontos de vantagem – o placar final foi de 67 a 58.

Então tá. 

Agora… O mais preocupante é a razão por Fabrício não ter jogado neste sábado, a mesma que o tira do confronto com Cincinnati nesta segunda. Ele está afastado temporariamente.

Segundo o ESPN.com, o brasileiro enfrenta alguma dificuldade com sua vida acadêmica, que o departamento da atlética espera resolver ainda esta semana. A direção da equipe não deu nenhuma explicação oficial a respeito, afirmando que a política da entidade e leis federais sobre a privacidade dos alunos não permitem nenhum esclarecimento público – uma nota abaixo da média permitida e, por isso, não está matriculado para o segundo semestre, que começou nesta terça-feira?  Ele corre o risco de ser desclassificado? – sobre o que se passa com esse mineiro de Juiz de Fora. 

domingo, 22 de janeiro de 2012

JaVale McGee é o futuro da NBA

Se o futuro da liga tiver duas cestas para brincar

Olha, Boston Celtics e Washington Wizards estão jogando no momento, e nem importa o que acontecer em quadra. Se John Wall vai atingir o triple-double, se o time da capital é tão ruim assim que nem um envelhecido oponente, sem Rajon Rondo e Ray Allen (lesionado). Não quando o VinteUm entra em contato (ainda que indireto) com o universo de Pamela McGee, a mamãe do JaVale, ex-jogadora campeã olímpica em Los Angales-1984 que chegou a jogar no Brasil. 

O pivô do Washington é uma aberração física da natureza, capaz de enterrar três bolas de basquete no mesmo salto e na mesma cesta, ou duas bolas de basquete em duas cestas paralelas. Um potencial imenso. Por outro lado, tem dificuldade de aprender, aos 24 anos, uma singela jogada de Flip Saunders, além de apresentar um senso de realidade muito… Hã… Frágil.

Exemplo 1: num contra-ataque, jogar a bola na tabela para enterrar na seqüência, numa autoponte-aérea diante do Houston Rockets. Para um autêntico cabeça-de-vento, fazia todo o sentido, oras. Afinal, seu time estava atrás no placar por seis pontos e havia perdido 11 de seus primeiros 12 jogos. Ele ainda achou graça de o treinador tê-lo sacado logo em seqüência. Exemplo 2: a mesma lógica justifica uma campanha intensa no Twitter pedindo votos para o All-Star Game, depois de o clube perder as sete primeiras partidas da temporada. 

Dá vontade de esganar. Mas, como o jornalista Mike Wise, do Washington Post mostra, informação nunca é pouca para colocar as coisas em perspectiva. 

Wise foi quem nos apresentou a "Mamma McGee", senhora que comete as seguintes pérolas:

- "Meu filho é o futuro da NBA."

- "JaVale não é um cabeça oca. É um bom garoto. Ele tem dons que você não ensina: mãos, altura e coração. Se eu fosse o Wizards, realmente comprometido com o futuro e o desenvolvimento, nutriria esse talento. Ajudaria um garoto como JaVale o melhor que pudesse."

- "Sei que as pessoas estão fazendo barulho sobre aquela jogada (a autoassistência). Veja, o JaVale faz isso para quebrar a monotonia. Você não faria o mesmo se estivesse perdendo desse jeito? Ele está aqui há quatro anos, e é sempre a mesma coisa, a mesma coisa. Não quero que ele seja institucionalizado a uma cultura perdedora para sempre."

Ao que indica, a educação derrotista vem de berço para o pobre saltador JaVale McGee, que não é cabeça oca

Augusto volta para batalhar



Para quem não sabe, o brasileiro Augusto César Lima se apresentou ao Unicaja Málaga no início de temporada com uma hérnia de disco nas costas, problema que surgiu enquanto defendia a Seleção Brasileira. O que não pode passar despercebido, dada a relação complicada entre CBB e o clube espanhol.

Essa é a parte ruim da história. A boa é que o jovem pivô está, enfim, recuperado do problema físico, voltando a vestir o uniforme de um verde forte do clube espanhol na rodada deste fim de semana, a 17ª, da Liga ACB.

Ele ficou em quadra por 17 minutos contra o Manresa e somou dez pontos e nove rebotes, acertando cinco de seus seis arremessos. Apesar de seus esforços, o time acabou apanhando de um rival muito mais modesto, por 85 a 68. Bem melhor do que havia feito na 11ª jornada (dois pontos e sete rebotes em dez minutos num confronto sempre duro com o Barcelona). 

Entre essas seis jornadas, para entrar em forma, Augusto defendeu o Axarquia, filial do Unicaja que joga na (ainda forte) Segunda Divisão do país, a LEB Oro. 

Enquanto ainda refina seu jogo ofensivo, adicionando o chute de média e longa distância e aprende a ser mais paciente na defesa, o pivô depende muito de seu preparo físico para causar impacto em quadra, correndo de modo incessante, atacando a tabela com muita impulsão e vigor. É isso: energia não pode faltar. 


O problema vai ser encontrar espaço na rotação de grandalhões do Unicaja, que dispõe de Joel Freeland, inglês que é o carro-chefe do time, Jorge Garbajosa, ídolo nacional, e de uma trinca de bósnios: Nedzad Sinanovic, Hrvoje Peric, Luka Zoric. Imagino que, sempre que você puder ter uma trinca de bósnios gigantes no seu time, não vai perder essa chance, né? 

Com o presidente da CBB anunciando a convocação de Nenê, Tiago Splitter se estabelecendo em San Antonio, Anderson Varejão e Rafael Hettsheimeir em suas melhores temporadas, qualquer progresso é bem-vindo para o jogador, se a sua intenção for mesmo se juntar ao grupo de Londres-2012.

Magnano dá muito valor a qualquer experiência de um atleta na Liga ACB, e podemos contar Rauzlinho e Rafael Luz como nomes certos na pré-lista do argentino. Agora é acompanhar o Augusto batalhando por essa.