quinta-feira, 26 de abril de 2012

O melhor jogador, o pior cartola?


Você pode querer jogar como Jordan. Administrar como ele? Talvez não

Aquele jogador considerado o melhor de todos os tempos agora é também dono do clube que teve a pior campanha, em percentual de vitórias, da história da NBA.

Nesta quinta-feira, num encerramento deprimente de temporada, o Charlotte Bobcats foi derrotado pelo New York Knicks, em casa, chegando a 59 derrotas em 66 partidas, bom para um aproveitamento de 10,6%. Tem um asterisco, não dá para negar, afinal eles não tiveram a chance de jogar (e apanhar mais pra quê, né?) um campeonato 82 de jogos, como Philadelphia 76ers de 1972-73, que teve 11% de rendimento. 

O saldo de cestas do time foi de 13,9 pontos negativos. Afe. Seu ataque foi o pior, com 87 pontos por jogo. Argh. A defesa foi um tico melhor (menos pior), como a quarta menos vazada: 100,8. Vopt. 

Melhor (pior?) hora, então, para resgatar uma série de reportagens que produzi para o iG, em março, como "pessoa física". Hehehe. A idéia foi tentar entender como eles chegaram a esse ponto (clique nos títulos se tiver coragem de ler):

- Bobcats flerta com a pior campanha da história da NBA – Sobre como o time de Jordan se tornou o saco de pancadas da temporada, e Doug Collins não concebe como MJ aceita isso.

- Jordan acumula fracassos como caçador de talentos – Apostas do proprietário  Charlotte Bobcats fazem parte do folclore esportivo dos EUA assim como os "infalíveis" palpites de Pelé. Digam oi, Adam Morrison e Kwame.

- Ao lado de apadrinhados, Jordan ainda tenta controlar impulsividade – Povoada por amigos e ex-companheiros de seu proprietário, Bobcats tenta se profissionalizar e crescer em Charlotte. Cory Higgins, filho do vice-presidente do time, foi contratado nesta temporada e ninguém entendeu muito bem. O técnico Paul Silas, apesar de ser reconhecido como um dos bons sujeitos de verdade da NBA, falhou ao dar, descompromissado, o comando do time em várias rodadas ao filho Stephen, seu assistente. Nepotismo é isso aí e não ajuda a domar a fera.

- Jordan ainda é a marca esportiva mais rentável dos EUA – Oito anos depois de fazer sua última cesta e 13 após último título, dono do Charlotte Bobcats ainda fatura US$ 60 milhões por ano. 

Com o revés desta quinta, foram 23 derrotas consecutivas do clube. Não podia ser melhor (pior?): justamente o número que Jordan eternizou nas quadras. 

* * *

O pai Paul, considerado um dos bons sujeitos honestos (mesmo) da NBA, e o filho Stephen
- Basicamente, a estrutura hierárquica da franquia está totalmente comprometida. Dois ex-técnicos do time, Larry Brown e Sam Vincent, questionaram publicamente a autonomia de dirigentes contratados por seu vínculo extremamente pessoal com Jordan. Rick Cho, gerente geral contratado há menos de um ano, é muito respeitado na liga, mas é um só também. 

- Talvez Jordan tenha escolhido a pior hora para implodir seu elenco quando despachou Tyson Chandler, Stephen Jackson e, por fim, Gerald Wallace, despedaçando a equipe mais bem-sucedida do clube caçula da liga. Talvez fosse melhor construir um pouco mais de credibilidade antes de tentar a reconstrução via draft. 

Dureza, dureza, dureza, dureza, dureza, dureza, dureza...
- E, se você vai reformular seu time do zero, poupando dinheiro e apostando em jovens atletas, é melhor você ter certeza de que seus treinadores são capacitados para desenvolver esses talentos. Não foi bem o que aconteceu este ano, com os "lottery picks" Bismack Biyombo e Kemba Walker, dois atletas de futuro se bem aproveitados, apresentando pouco progresso do início para o fim do campeonato. 

- O admirador de "His Airness" vai precisar rezar, muito, para que a escolha número um do draft deste ano fique com Charlotte. Anthony Davis, o ala-pivô deveras promissor de Kentucky, é considerado o único jogador nessa fornada capaz de mudar a sorte de um clube por si só. Se bem que, no caso do Bobcats, talvez só um... Ahnn... Jordan mesmo pudesse revitalizar o time assim bruscamente, de uma hora pra outra. 

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