quinta-feira, 7 de junho de 2012

L.A. Confidential

Kevin Durant terminou a série contra o Spurs com 5,2 assistências por jogo, algo impensável há duas semanas. É praticamente o dobro do que ele produziu durante a temporada regular. Aprendeu a dosar seus esforços, aos 23 anos. Mesma idade de Russell Westbrook e Serge Ibaka, que também vão evoluindo a cada temporada. Fora isso, a barba mais legal do esporte esconde que James Harden é ainda mais jovem, creiam. Só 22 anos.

Acabaram de eliminar um time no auge, que havia vencido 20 partidas seguidas, um time com o "DNA de campeão" almejado por Erik Spoelstra em seu artificial Miami Heat. Antes, haviam passado pelo Mavs de Dirk e o Lakers de Kobe. Primeira vez que uma equipe elimina os últimos três campeões de conferência assim em seqüência.

Então a lógica nos empurra a dizer, então, que eles estão preparados para dominar a liga nos próximos anos, e o raciocínio, técnico, é facilmente justificável, fácil de apontar. (Antes de pensar em dinastia, porém, vamos ver o que eles fazem na final contra o vencedor do Leste – não serão duelos fáceis).

Quinteto inicial para cultivar, admirar, mas para apreciar em pouco tempo?

O problema, e sempre tem um problema, para concretizar esse potencial é o Lakers.

Tá loco? O Lakers? Sabe a idade do Kobe? A do Gasol? Gosta assim do Steve Blake?

Calma. Que a gente explica. Mas é o Lakers, sim.

Como consequência direta do locaute e da definição de um novo acordo de gestão da liga, a NBA de hoje e do futuro próximo vai exigir um equilíbrio cada vez mais consciente entre talento e finanças.

Enciumados com o sucesso contínuo do Lakers – a maioria dos proprietários insurgentes tinham a franquia californiana como alvo durante seus protestos, o que ficou claro no veto conseguinte à negociação de Chris Paul –, os donos criaram uma série de entraves econômicos para supostamente combater, basicamente, na cabeça deles, os angelinos.

Criaram uma série de cláusulas e taxas que impediram os Busses de torrar aos montes para contratar quem e quando quisessem. Como se o pastiche de time que o Knicks, a franquia mais rica da liga, teve por mais de uma década não servisse como o outro lado da moeda, gastando aos montes formando um time que nem aos playoffs chegavam.

Lakers pode ser um problema daqui a pouco. E Chris Paul tem a ver com isso, creiam
Com multas que vão se tornar cada vez mais exorbitantes nos próximos anos, para controlar os clubes que excedam o teto salarial, a NBA teria um mecanismo para equilibrar as forças de seu mercado. Tanto um Lakers como um Grizzlies teriam as mesmas chances de brigar pelo título. Bulls e Cavs. Heat e Thunder.

Tudo bem bonito e esportivo na teoria e nas aparências. Mas é Justo?

Poder ser que Clay Bennett, dono do clube de Durant, agora pense diferente. Para o próximo campeonato, está tudo certo no time. Para os próximos? Segura. Harden e Ibaka terão seus vínculos de novatos, bem mais baratos que a média, expirados. E o sucesso conferido agora vai pedir um cheque mais generoso lá na frente.

Não falta interesse da parte do nerd Sam Presti em segurar essa dupla, mantendo seu quarteto vigoroso com Durant e Westbrook, dupla que já tem os salários máximos permitidos assegurados. Dureza a é adequar o orçamento no menor mercado entre as 28 cidades que vão acolher partidas da NBA nas próximas temporadas.

O Thunder deve fazer de tudo para segurar Harden. Mas e o Ibaka? O Perk? O resto?

Por exemplo: consideremos desde já que Harden vai ganhar algo perto de um “max contract na hora de renovar. Isso já deixaria o time uma folha salarial superior a US$ 17 milhões daqui a dois anos. Quase um teto salarial inteiro. Aí entra na equação o ala-pivô “espanhol” (Coff! Coff!): Ibaka poderia ganhar algo em torno de US$ 10 milhões anuais, o mesmo que DeAndre Jordan leva no Clippers. Razoável, de acordo com o mercado. Pois esse salário custaria, com as taxações, cerca de US$ 17 milhões. Pois o Thunder não teria apenas quatro jogadores em sua folha de pagamento. Kendrick Perkins já custa relativamente caro.

Thabo Sefolosha é outro titular que jajá vai pedir aumento. O armador Eric Maynor também. Dá para argumentar que um time antenado como esse vai encontrar substitutos facilmente. Para as peças complementares, seguramente que sim. Para seus quatro prodígios, é bem mais difícil. Vão bancar tudo? Lembrando: é o menor mercado da NBA, e até mesmo o Lakers já começou a cortar custos com a dispensa de Fisher e Odom neste último campeonato.

Na ânsia de combater o poderio do Lakers e de grandes mercados, os donos de clubes mais modestos podem ter dado um tiro no pé. Presti agora pode ser punido por ter sido extremamente competente ao escolher esses quatro craques no draft em anos consecutivos. Seu clube formou – e não “roubou” – quatro estrelas.

Daqui a dois anos, quando Harden e Ibaka obrigatoriamente estarão jogando com novos contratos, pode não ter como segurar essas pratas da casa. Kobe não seria o mesmo, Steve Blake tampouco. Mas o clube de L.A. ainda pode apostar em Bynum ou, não custa especular, se reformular em torno de Dwight Howard. Em 2015, quiçá, se começar agora, a dinastia do Thunder poderia chegar ao fim. Tudo por causa deles. Os gastões do Lakers.

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