quinta-feira, 7 de junho de 2012

Playoffs: O LeBron irreal

Uma apresentação histórica de LeBron, com ou sem contexto


Todo mundo pede o máximo de LeBron James. Que ele vai, sozinho, vencer um campeonato inteiro, já que ele tem o conjunto completo. A velocidade, a coordenação, a habilidade, o tamanho, a impulsao, a força. São incompatíveis com a maioria dos mortais. De algum modo, esse sujeito do Ohio conseguiu combinar tudo num só corpo. Ele nasceu para dominar um jogo de basquete. Seria pecado desperdiçar esses, hã..., talentos.

Nem sempre LeBron faz, pelas mais diversas razões, e muito nego vai ficar fulo com isso. Porque se presume que LeBron possa fazer o que quiser em uma quadra por 48 minutos, até deixar rivais e fãs à sua mercê. Como neste jogo 6 contra o Boston, com seus 45 pontos, 15 rebotes e cinco assistências, convertendo 19 de 26 arremessos, trotando em quadra com uma aura de invencível. Girando de costas para a cesta, para a zona morta, para o centro do garrafão, atacando o defensor com um primeiro passo incrível, decolando para o rebote ofensivo e a cravada desmoralizante, acertando de três. De todas as maneiras, prevalencendo em quadra. 

Foi uma das maiores apresentações de qualquer jogador na história dos playoffs da NBA. Houve atuações mais dramáticas (com febre, tornozelo quebrado, explosões em um só período) ou mais significantes (valendo título, basicamente), mas, em termos de eficiência, dominância, não importando o cenário (e aqui importava DEMAIS), essa está lá em cima.

Agora… Foi também, por todo o contexto sabido (fugir da raia, pane mental e emocional  prima-donna que não justifica a pose diante dos combalidos veteranos de Boston etc etc etc.), uma apresentação surreal do astro-rei autodeclarado do Miami Heat. 

Ninguém pode pedir esse nível de basquete com regularidade a qualquer jogador. Você pode esperar que LeBron arraste, derrube seus adversários, que os faça dobrar os joelhos num jogo, mas não dá para crer, apostar que vai ser sempre assim. Ele pode atingir esse nível, mas mantê-lo "para o infinito e além", como diria Buzz Lightyear, é irreal. 

Uma atuação estupenda, marcante, memorável, mas que não pode ser exigida como o padrão de ninguém. Incluindo aqui a santíssima trindade de Bird, Jordan e Magic. Eles tiveram seus momentos, que preenchem um DVD inteiro de história, mas a graça era justamente essa: havia um conjunto da obra pontuado por explosões desse tipo. 

Para LeBron, ainda falta qualquer conjunto. É por essa glória que vai ter de jogar. Afinal, foi ele mesmo que se colocou nesse patamar ao anunciar, publicamente, seus devaneios de sete títulos na Flórida. 

Para chegar perto disso, aí, sim, é bem provável que precise  vestir com muito mais frequência o uniforme de super-herói indelével e invencível desta quinta-feira.

Conseguirá?

Duvido. 

Se ele não passa de um tremendo mala narcisista, de um produto hipervalorizado de marketing, ou se a injustiça da sociedade do imediato, do tempo real, do saber-e-criticar tudo é deveras inclemente, a despeito de suas trapalhadas de relações públicas,  nada disso importa aqui: seria injusta a cobrança para que essa atuação seja repetida a cada partida.

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