sexta-feira, 30 de março de 2012

Hora de liderar

Uma coisa é certa: Nenê está muito mais bem vestido esses dias

Em Denver, além das lesões e do drama com o câncer, uma história constante que girava em torno de Nenê era sua, digamos, incapacidade de ser egoísta.   

George Karl, Chauncey Billups, Carmelo Anthony, Andre Miller, Marcus Camby, colunistas, assistentes técnicos, torcedores, as Montonhas Rochosas inteiras clamando: por favor, Nenê, arremesse uma ou outra bola!   Na hora de falar a respeito, o brasileiro não desenvolvia muito a respeito. Não porque não consegue. Quando ele está confortável com o microfone, Maybyner Rodnei Hilário pode causar estragos. O nosso grego que o diga. 

Mas não faz parte do perfil do jogador. Ele é do tipo que gosta de dar um passo atrás, se ajustar, deixar o curso seguir. Rodeado de veteranos e com um técnico bastante expansivo, pelos Nuggets ficava fácil, então, se esconder, passar batido pela zona mista e no vestiário. Com a troca para Washington, porém, chegou a hora de Nenê falar e liderar.   

Não só porque ele agora é a novidade da franquia, numa grande cidade, e tem um Washington Post batendo à porta. Mas, num Wizards desesperado por qualquer acréscimo de maturidade, qualquer lição de vida, o sãocarlense está meio que obrigado a assumir esse papel.   

Pegue o elenco dos vizinhos de Obama. Apenas três atletas são mais velhos que Nenê: Maurice Evans, Roger Mason e Rashard Lewis, três alas com função marginal na quadra a essa altura do campeonato. Para exercer uma influência, fica muito mais fácil se você estiver jogando para valer na quadra (leia-se: fala e faz). E de novo: em sua nova equipe, que tem os uniformes mais legais da liga, não há escapatória para o brasileiro.   

O armador John Wall é a grande aposta da franquia. De resto, Jan Vesely ainda precisa ser observado com paciência, assim como Kevin Seraphin, um dínamo que vem florescendo, Trevor Booker, um trator e Jordan Crawford, um tanto maluco e intrigante. Em termos de hierarquia, contudo, Nenê aparece em segundo numa conta razoável.   

Por enquanto, batalhando com dores musculares nas costas, o pivô elevou consideravelmente seus números de rebote, subindo de 9,1 para 11,1 em 36 minutos, de Denver para Washington, respectivamente. A pontaria também subiu de 50,9% para 52.7%. O resto é praticamente o mesmo, inclusive em arremessos, que subiram apenas de 12,2 para 12,7 – e precisa ser mais.

Com Nenê em seu elenco, o Washington até agora tem apenas uma vitória em cinco jogos, mas há alguns sinais de progresso: as quatro derrotas somadas dão apenas 11 pontos. 

"É um processo longo, é difícil. Vou repetir isso toda vez. Este time é jovem, um monte de jogadores em seu segundo ano ou novatos. Você tem de aprender. Ver o que pode aprender em uma derrota e melhorar. Tudo vai ser uma grande experiência agora. Trabalhamos, passo a passo, e estamos melhorando em muitas áreas", disse Nenê ao W-Post, em uma explanação bem mais longa do que qualquer uma que vimos ao Post de Denver.

"Nós não vamos nos tornar o melhor time amanhã. Mas se continuarmos do jeito que estamos, trabalhando duro, jogando juntos e aprendendo, vamos ser um bom time no futuro."

quinta-feira, 29 de março de 2012

O fantástico mundo de Ron Artest - Twitter para quem pode

Antes da criação do VinteUm, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers. 
Como já mencionado neste espaço, a leitura do site HoopsHype é obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo. As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo. 

Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores. 

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.



Sem muita enrolarão, é por uma dobradinha de posts no Twitter dessas que edificamos essa modesta seção aqui no VinteUm:

Metta World Peace: Se eu fosse Mike Brown, eu colocaria Metta World Peace no banco e colocaria Ron Artest em quadra. 

Metta World Peace: Se eu fosse Mike Brown, eu colocaria Ron Artest no banco e cortaria Metta World Peace do elenco. 

PS:  Poderíamos nos esofrçar em compreender a mettalinguagem (ha!), e pode ser que  os posts acima contenham algumas gramas de ironia do jogador do Lakers com base nas recentes polêmicas envolvendo o Lakers. (O quê!? Polêmica em L.A.?! Ah, vá). Foi isso: de Kobe Bryant (sacrilégio!) e Andrew Bynum terem sido enterrados no banco do time angelino em recados públicos do técnico Mike Brown (segura!) para o time, que vem patinando novamente. Mas talvez possa ser uma autocrítica honesta do nosso valente ala também. Se fosse fácil, não existia esse mundo fantástico, ok?

Eu... Quero... Jogar!!!

Terno, tala e banco não servem para Anderson Varejão, não

Diga aí, Varejão. Seu time está basicamente fora da disputa pelos playoffs e a temporada está se encerrando no dia 26 de abril, isto é, daqui a menos de um mês, então por que diabos você vai querer jogar agora?

"Porque eu sou parte delta equipe e quero ajudar, mesmo que não tenhamos muitas chances de ir aos playoffs. Quero jogar, é para isso que sou pago", respondeu o capixaba, que não entra em quadra desde o dia 11 de fevereiro, com o punho quebrado. Só faltou aqui um "oras!", esbravejado, não?

É isso o que mais chama atenção e cativa no pivô brasileiro dos Cavs. Quando você observa Anderson em quadra, sabe que hoje, no momento, ele só sabe fazer uma coisa da vida: que é jogar basquete. E jogar basquete para ele é se atirar atrás de bolas impossíveis e possíveis, ralar o cotovelo e o joelho, tomar pancada, mas jogar basquete para valer. Até vale fazer cesta de vez em quando, coisa que ele vinha fazendo em ritmo inédito nesta temporada.

O bom de se destacar numa das respostas do jogador também é o fato de que ele mencionou a Seleção de maneira espontânea. Claro que o pivô ainda não está convocado, mas sabemos que essa é fava contada. E ele nem é pago para isso. Só está esperando o chamado. E para o capixaba acho que não deveria, nem deve, haver impedimento, mesmo.

Veja a resposta, educada, de Varejão quando questionado a respeito das Olimpíadas, numa pergunta provavelmente capciosa, já que a possibilidade de uma espécie de boicote aos Jogos Olímpicos permeia alguns setores da NBA:

"Para falar a verdade, foi algo muito grande para o nosso país quando nos classificamos (para Londres 2012). Não estava lá porque estava lesionado. Quando eles se classificaram, fiquei muito animado e pensando de verdade sobre os Jogos, como todo mundo. Sei o quão importante é para minha carreira e para o meu país, especialmente para o meu país, estar nas Olimpíadas. Sei que todos meus companheiros estão empolgados com isso." 

segunda-feira, 26 de março de 2012

Hettsheimeir, ainda evoluindo

Rafael prometeu e cumpriu: evolução no arremesso
Ninguém vai querer ver um pivô com a força física e a munheca de Rafael Hettsheimeir gastar muito tempo no perímetro, chutando de três pontos como um desvairado. Mas é interessante notar que ele prometeu e cumpriu: agora tem um chute de longa distância confiável em seu arsenal ofensivo. 

Nas últimas cinco partidas pela Liga ACB, o pivô brasileiro, aquele que embolsou Luis Scola em uma tarde especial dessas, converteu nove de seus 15 tiros de três, num aproveitamento excepcional de 60% (mais do que muito grandalhão acerta em lances livres, note-se). Na temporada, ele agora está com 41%, rendimento para deixar um Nowitzki ou um Love orgulhosos. 

De novo: é uma boa história desde que Rafael use como um recurso extra e, não, como seu carro-chefe, perdendo as jogadas de maior eficiência próximo ao aro – que forçam também mais ajustes dos oponentes, tendem a carregá-los de volta e tendem a facilitar a vida de seus companheiros. (Ex: chamando uma eventual dobra, livrando um arremessador fora). É uma ótima história como prova da ética de trabalho do jogador, que vem se dedicando e expandindo seu basquete, sem se contentar com os elogios de Magnano e ofertas da NBA.

Depois de um começo de campanha espetacular e um miolo de competição mais acanhado, o paulista vem subindo de produção novamente, com 92 pontos nas mesmas cinco rodadas passadas. Suas médias na temporada são de 14,6 pontos e 6,6 rebotes, sendo o oitavo mais eficiente, o sexto cestinha e oitavo reboteador.

O melhor? O esforço de Rafael vale, e muito. O Zaragoza está em sétimo, acima do poderoso Unicaja Málaga, posicionado na zona de classificação para os playoffs, em sétimo lugar, em uma disputa ferrenha: são quatro times empatados com 14 vitórias e 12 derrotas, entre o sexto e o nono lugar.

Neste fim de semana, o time bateu o Manresa num jogo sofrido, por 72 a 71, com uma cesta do veterano armador Carlos Cabezas no últimos efundo. Rafael matou oito de 14 chutes no geral, dois de três de longa distância. 

Falcões em maratona

212


Foi o total de minutos – três horas e meia – jogados pelo Atlanta Hawks em três noites seguidas, de sexta-feira a domingo passado, culminando com a maçante partida de quádrupla (1, 2, 3 e 4) prorrogação, a nona da história da liga e a primeira desde 1997. (Agora pense que já aconteceram dois duelos com cinco prorrogações e um com seis).

Nesta temporada esmagadora da NBA, Joe Johnson, Josh Smith e a cabeça de Zaza Pachulia foram submetidos talvez à sequência mais dura e absurda, podendo ao menos ter o orgulho de dizer que venceram os três jogos. Eles vão poder respirar um pouco nesta segunda, mas só por uma noite: na terça-feira, bora para Milwaukee enfrentar o Bucks. E que voltem rapidamente, já que, na quarta, o Chicago Bulls, o adversário mais exigente da liga, fará uma visita a Atlanta. Sério: nada aqui foi inventado. 

Agora, voltando ao confronto com Utah, vencido por 139 a 133. Pelo Jazz, o pivô Al Jefferson, do Jazz, jogou por 57 minutos, enquanto o armador Devin Harris ficou em quadra por 55 minutos, mesma quantidade de Joe Johnson, seguido pelos 54 de Zaza. Quem deu sorte foi Josh Smith, excluído com seis faltas e "limitado" a 30 minutinhos. Eita vida mansa. Foram 14 jogadores com dez pontos ou mais em ação – JJ foi o certinha com 37. 

Em termos de parciais, a primeira prorrogação foi a mais bizarra, com apenas quatro marcados pelos dois times, dois para cada lado. A partir daí, provavelmente sem perna alguma, as defesas afrouxaram e permitiram mais de 30 pontos em 15 minutos – no caso dos visitantes de Utah, 39 pontos em três prorrogações, e daí a derrota. 

"Eu só podia dar risada. Nunca disputei um jogo destes", afirmou Johnson. "Para nós, foi uma vitória moral", disse Paul Millsap, o trator do Jazz. 

Mate o jogo, Teague, por favor!!!

domingo, 25 de março de 2012

O fantástico mundo de Ron Artest - É fantástico mesmo

Antes da criação do VinteUm, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers. 

Como já mencionado neste espaço, a leitura do site HoopsHype é obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo. As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo. 
Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores. 
Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.



Dia desses, Kobe Bryant falou sobre como não pode acreditar que as pessoas excluam o Los Angeles Lakers da lista de favoritos ao título da NBA, citando sua camisa 24 e os gigantes Pau Gasol e Andrew Bynum. "Que time tem um trio desses?", provoca. Depois, tratou de elogiar o reforço vitaminado de Ramon Sessions e os alas Matt Barnes e Ron Artest, vulgo "Metta".

Sim, o nosso herói lunático ainda tem moral com o chefe. Com 5,9 pontos, 3 rebotes e 2 assistências por jogo na temporada e apenas 36,1% nos arremessos (e horrendos 26,7% na linha de três pontos). 

Ron-Ron agora parece meio cansado de termos como "horrendo". Que não nos ouça, então. 

"É fantástico que as pessoas achem que eu esteja tendo uma temporada ruim. Eles esperam que eu faça mais cestas… Também é fantástico que eu ainda receba meus minutos sem pontuar ou chutando com um percentual horrível… Isso mostra o quão boa é minha defesa", disse o ala em desabafo irônico via Twitter. 

Ron-Ron vai jogando cada vez mais na defensiva.

Abriram a jaula

Lá vem pancada para cima de Navarro e Llull na Liga ACB
Andrés Nocioni estava enjaulado por Doug Collins. Agora foi solto na Espanha, e Barcelona e Real Madrid que se cuidem. Foi uma grande contratação a do Baskonia (Caja Labora, TAU Cerámica, seja lá o que for). 

Alvaro Patricio, do ACB.com, diz tudo: "Se algo caracteriza o jogo de Nocioni é seu caráter. Foi a primeira característica  que distinguiu quando chegou a Vitória, foi o que o diferenciou em Manresa e o que fez progredir na LEB Oro e, sobretudo, foi o que o levou a sobressair  em sua ascensão ao estrelato na NBA".

O articulista fala sobre a ligação do Chapu com o clube basco, para o qual foi contratado depois de indicação do olheiro Alfredo Salazar, observando-o pelo modestíssimo Independiente General Pico. Em Vitória, tal como Scola, Splitter e, agora, Teletovic, o ala foi mais um a evoluir de projeto a estrela, a melhor jogador da ACB. Agora ele volta para cumprir a promessa de se aposentar na Espanha. 

(Agora… Se for para mexer com um Bjelica na rotação, que seja com o Milko, né?)

Julio Llamas também deve ser todo sorriso. Nocioni vai ter tempo para desenferrujar e chegar aos Jogos de Londres tinindo. 

O pato e o cérebro



Kendall Marshall corre um pouco esquisito, sempre com as costas eretas, como se não pudessem ser flexionadas. Parece um pato. Também não é dos jogadores mais velozes, não, nem daqueles que pulam muito.

Bem diferente de seus companheiros de North Carolina e prospectos para o draft: Harrison Barnes, James-Michael McAdoo, John Henson e Tyler Zeller. Todos muito bem encaminhados para a NBA, com biótipos realmente impressionantes de atléticos. Você vê Zeller, de 2,10 m e poucos, por exemplo, descendo a quadra toda a milhão e já fica sem fôlego. Harrison Barnes, 19 anos, e ele já parece um veterano de NBA de tão forte. John Henson, por seu lado, pode provavelmente abraçar uma tabela, com uma envergadura interminável. 

Mas, como colocou Chad Ford, especialista da ESPN na cobertura do recrutamento de novatos, talvez quem mais suba de cotação neste fim de semana seja Marshall. De que adiantam músculos, impulsão, velocidade, sem um cérebro para coordenar tudo?

No ano passado, o rapaz salvou a temporada da UNC quando desbancou Larry Drew the Second (II, hehehe), assumiu o posto de titular, colocou essas máquinas todas para correr e não se cansou de quebrar recordes dali para a frente. Até então, todo o potencial atlético do time naufragava sob o comando do filho do técnico do Atlanta Hawks. 

Agora, no torneio nacional da NCAA, os prodígios de Roy Williams se vêem sem seu principal condutor em quadra, depois de o canhoto armador ter fraturado o punho direito contra Creighton, ao ser derrubado em uma infiltração.

Nas oitavas de final contra Ohio, o baixotinho Stilman – que nome, gente, que nome! Mas não soa como o de um esportista, não? – segurou as pontas, com seis assistências e nenhum desperdício de bola, mas o desempenho de seus companheiros definitivamente não foi o mesmo. Eles somaram 24 erros e apenas 12 passes para cesta, pontaria em 40% e um triunfo sofrido na prorrogação: um time claramente em desarranjo. Barnes foi quem mais sofreu, com apenas três chutes certos em 16 tentativas (algo que os scouts tomaram nota na certa, e o ala, um dia estupidamente comparado a Kobe, vai perdendo prestígio). 

Contra Kansas, neste domingo, diante de dois superatletas sufocantes em Tyshawn Taylor e Elijah Johnson, Stilman vai ter um piano muito mais pesado pra carregar. 

Compreensível que todos os fanáticos torcedores da UNC pareçam um bando de zumbis neste domingo em St. Louis. Ninguém repousou, não: "Todos os olhos seguem focados no punho de Kendall Marshall", mancheta o USA Today

Mas de que adianta? Que durma, oras. O armador operou na segunda-feira. Quem em sã consciência vai querer escalá-lo menos de uma semana depois? Por maior que seja a partida, seria loucura. Ele nem arremessar poderia direito. E só poderia passar a bola com a canhota, sem controlá-la de modo adequado. Com o corpo quebrado, aí não tem a mente mais cerebral que resolva. 

Quando o blogueiro realiza seu sonho

Agente Dez tenta fazer valer o pitaco do blogueiro fanático pelo Grizzlies, pois até eles existem

Não, o VinteUm não realizou nada por enquanto. Quer dizer: um pouco vai? É um exercício legal, talvez sem final algum, mas legal. Então já está valendo. 

Mas o blogueiro em questão, o qual não conheço e não achei a identidade, é um sujeito que torce para o Memphis Grizzlies, o que por si só já vale como um valente blogueiro! Mas vamos além: estamos falando de um sujeito que escreveu qualquer coisa mais bem escrita do que isso aqui e ainda contratou o veterano doideira Gilbert Arenas para sua equipe. 

(Se essa foi uma boa sugestão, ainda estou para ver quem concorde, considerando as encrencas em que o jogador se meteu nos últimos… ahn… Cinco anos?)

Pois o gerente geral do Grizzlies, o ex-avacalhado Chris Wallace (ver Forte, Joseph e Brown, Kwame), confessou esta semana que fechou com o ez-Agente-Zero-Ibachi! depois de ter lido um post de um fanático, defendendo a idéia em um site dedicado ao clube. O post havia sido recomendado pelo presidente das operações de basquete, Greg Campbell. Wallace jura que não lê os sites. Mas sempre tem alguém lendo, no fim. 

"Estava no meu escritório, e o Gregg entra e diz que eu precisava ler esta idéia num blog de hoje. Este cara escreveu um argumento em favor de Gilbert Arenas, e eu leio essa coisa e digo: 'Greg, quer saber? Esse cara tem alguma razão'", afirmou Wallace. 

"Pensei a respeito, sabe? Vamos investigar isso. Então liguei para o seu agente. Não tenho problema em admitir isso, me orgulho de ter a cabeça aberta, e se você ver o dinheiro envolvido e o grupo de jogadores envolvidos, e por que não faria?", completou o cartola. 

Incrível, não?

Arenas fez até agora dois jogos pelo Grizzlies, com contribuição bem tímida. Só ficou em Memphis por um dia, ainda não treinou com os companheiros e vai ter de fazer a ideia do blogueiro funcionar na marra e na raça. 

É a nossa honra que está em jogo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Quando passar é contagioso

Gooden (c) e Monta Ellis: transformados pela fase solidária do Milwaukee Bucks
Ao trucidar o Portland Trail Blazers na noite desta terça-feira, lá longe no Noroeste norte-americano, o Milwaukee Bucks como um todo acumulou 35 assistências em 48 cestas de quadra (isto é, 72,9% de seus arremessos foram com a compaixão do próximo). Foi a sétima partida consecutiva do time dirigido por Scott Skilles com 30 ou mais assistências, algo comovente.  

Passar é contagioso, vejam só. 

O pivô Drew Gooden, famigerado em seus primeiros anos na liga por não conseguir memorizar as jogadas de seus clubes, o mesmo jogador que tem média de 1,2 assistência por partida na carreira, somou 34 passes para cesta nos últimos cinco jogos. São 6,8 de média, aumentado seu rendimento na temporada para 2,5. 

O fominha Monta Ellis, que acabou de chegar do Golden State, teve mais assistências (nove) que arremessos (oito) em Portland, algo sem precedência e que deve deixar os radicais torcedores do Warriors invocados. Na temporada, suas médias eram de 6,1 assistências e 18,6 (!!!) arremessos. Na carreira, 4,4 e 16,1, respectivamente. 

Desta forma, repartindo o pão, o Bucks vem disparando com seis vitórias consecutivas, reforçando suas aspirações aos playoffs. Boston Celtics e New York Knicks que respondam. 

segunda-feira, 19 de março de 2012

Quem quer um campeão?

Um jogador de 37 anos está disponível no mercado da NBA. Suas médias são de 5,9 pontos, 3,3 assistências e 2,1 rebotes. Acerta apenas 38,3% de seus arremessos. Ele comete um erro a cada 18% de suas posses de bola. 

Mas, acredite, esse jogador, pode ser a peça decisiva para definir com quem fica o troféu desta temporada. Exagero? Não quando estamos falando do veterano e cascudaço Derek Fisher, pentacampeão pelo Los Angeles Lakers. 

Capitão Fisher está disponível para os candidatos ao título
Fisher talvez seja o grande exemplo da NBA de hoje do jogador que desafia as métricas, avançadas, detalhadas ou não. Ele em geral está abaixo da média de qualquer índice analítico – e, nos que bate, seria avaliado apenas como um jogador medíocre. De modo que os cinco anéis pelo Lakers devam ser realmente um golpe do destino, não?Que fosse completamente inútil como muitos já estavam prontos para julgar? 

Pura balela. Obviamente que Fisher hoje não tem mais a mesma capacidade atlética de dez anos atrás, quando estava conquistando o terceiro título orientado por Phil Jackson. Não dava conta de perseguir e bloquear os armadores mais velozes e explosivos da liga, ainda mais com a mudança das regras que proibiram o contato com as mãos em infiltrações. Mas há ainda qualidades valiosas que ele ainda realmente pode oferecer a qualquer clube que convoque seus serviços: 1) experiência de causa; 2) estabilidade na movimentação de bola, senão brilhante, mas com poucos erros; 3) um matador para a hora h.

O milagroso arremesso de 2002 contra o Spurs, com Horry na direita da foto
Não é lenda, gente. Dias atrás, mesmo, ele fez isso contra o New Orleans Hornets, em um jogo complicado vencido fora de casa na prorrogação. O Lakers passou a partida inteira atrás no placar e deu o bote nos minutos finais, conseguindo levar a partida para o tempo extra. Nela, esse veteraníssimo ganhou bolas perdidas vitais. Seus últimos – por ora? – dois pontos pelo clube, foram para virar o marcador. Dali em diante, Kobe Bryant completou o serviço. 

O problema, no caso do Lakers, era depender demais de Fisher. Quando o clube contratou Ramon Sessions, temia-se que o antigo titular pudesse não lidar muito bem com a diminuição de seu papel. Mas o que motivou a franquia foi, mesmo, a economia, o corte do salário de seu velho capitão na próxima temporada. 

Na hora dos playoffs, porém, essa economia de milhões pode custar bem caro. Nem que fosse por uma só bola em uma só partida, Fisher podia fazer valer a conta. 

E atrás de uma eventual uma só bola em uma só partida que quatro clubes vão – ou deveriam ir – atrás nos próximos dias, no recrutamento do jogador, já dispensado pelo Houston Rockets, que não conseguiu convencê-lo a ficar no Texas:

Kobe vai aprender a viver sem Fisher em Los Angeles
- Chicago Bulls: segundo o ESPN.com, é a prioridade de Fisher. Faz sentido do ponto de vista tático: é uma equipe que joga com pouca transição ofensiva e aposta em sua movimentação meia-quadra e, na defesa, possui atletas aplicados que lhe ajudariam nos momentos de dificuldade. O problema? Ainda que Derrick Rose esteja cambaleando fisicamente, o Bulls já tem mais três armadores em seu elenco, dois deles – CJ Watson e John Lucas III, que vêm dando conta do recado, segurando o rojão e, na cultura estabelecida por Tom Thibodeau, dificilmente seriam "traídos" com a saída do time. 

- Miami Heat: o segundo na lista do supercampeão, o Heat vem apostando nos contra-ataques fulminantes liderados por Wade e LeBron, mas talvez não precise de seus cinco homens em disparada, já que o par aí pode cobrir a quadra toda. Fisher chegaria para ser reserva de Mario Chalmers, que vem em sua melhor temporada, e dançaria o novato Norris Cole, surpresa no primeiro mês da temporada que já não vai tão bem assim. Dois anos atrás, Pat Riley quase roubou Fisher de LA. Será que ele vai tentar de novo? LeBron já avalizou. 

- Oklahoma City Thunder: o novato Reggie Jackson, armador reserva, é uma aposta de Sam Presti, e, por isso, merece toda a confiança de David Stern. Mas o garoto revelado por Boston College não parece pronto para encarar as estrelantes batalhas dos playoffs que seu Thunder terá pela frente. Seu posto era para ser de Eric Manor, que está fora da temporada devido a uma grave lesão no joelho. Fisher entraria nessa, dando um respiro a Russell Westbrook, em dupla com James Harden. O Thunder mescla bem o jogo de contra-ataque com jogadas de isolamento para Westbrook, Harden e o supercestinha Kevin Durant.

San Antonio Spurs: depois de perder o experiente TJ Ford, que se aposentou, o clube texano estava prestes a assinar com o formiguinha atômica australiano Pat Mills. Tendo o Portland Trail Blazers enrolado em liberar o Aussie, o Spurs nunca chegou a formular o contrato. Com a disponibilidade de Fisher, ora, decidiram esperar. Lembram-se de Robert Horry na década passando, saindo do time angelino para jogar com Gregg Popovich? Fisher poderia seguir essa trilha. 

O que o VinteUm gostaria de ver? Fisher ao lado dos garotos do Thunder. Lá, ele seria uma liderança instantânea de um clube que ainda precisa ser mais testado, supriria uma carência na escalação da equipe e, se não bastasse, teria mais chance de bater de frente com Kobe e seus ex-companheiros – supondo que o Lakers termine com a quarta ou quinta posição no Oeste.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Os mistérios de março

Os pirulões de Georgetown tentam fechar o garrafão
Se você zapeia pelo confronto entre as universidades de Georgetown e Belmont e chega a essa partida em seus últimos jogos e vê um placar apertado, que pode ser virado em três posses de bola, fica difícil de entender. 

Já é alarmante a discrepância em histórico. De um lado temos Hoyas de Georgetown estão acostumados a jogar pelo título nacional, têm jogadores como Patrick Ewing, Dikembe Mutombo, Alonzo Mourning, Roy Hibbert, (e Othella Harrington!!!) entre seus, digamos, produtos. Do outro, os Bruins de Belmont nunca tiveram um jogador sequer a fazer emplacar uma carreira na NBA e só jogam para valer na conferência Atlantic Sun – para eles, qualquer participação nos mata-matas da NCAA é lucro. 

Não obstante, aqueles rapazes de cinza dos Hoyas são imensos. Não necessariamente brutamontes, mas longelíneos, um mais comprido que o outro, tapando o garrafão quando resolvem fazer uma marcação por zona. Seus armadores e alas também são muito desenvoltos fisicamente, com sprints de atletas em quadra. Por outro lado, pelos Bruins estão uma série de branquelos magrelos, mais baixos, que dão a impressão de que nem alcançar o aro vão alcançar. 

E é isso aí: faltam menos de cinco minutos, e a partida está equilibrada, com aquele clima de suspende gostoso do torneio – gostoso se você não é um dos formandos doentes pelos times envolvidos, claro. Você não sabe quem vai ganhar e não entende por quê. Como uma discrepância física e de moral daquelas não se traduz no placar. 

Para ser sincero, como o jogo chegou ao VinteUm só nos momentos derradeiros, não dá para inventarmos aqui as razões desse mistério. Nas poucas posses de bola que vimos, deu para notar que Belmont consegue espaçar bem a quadra, seus jogadores estão em constante movimento pelo perímetro interno e externo e não fugiram do pau.  Com cerca de três minutos para o fim, porém,  o pivô Henry Sims fez algumas boas jogadas com falta e cesta no garrafão, outro pirulão de Georgetown resolveu distribuir tocos sem fim e, de repente, os Hoyas dispararam no placar. Um placar, logo, que se tornou mentiroso no fim: 74 a 59. 

São fatores como esses que tornam o torneio nacional da NCAA um evento imperdível para quem gosta de basquete e de esporte. A diversidade de estilos técnico-táticos compõe um tabuleiro de xadrez envolvente. Como lutar contra os gigantes? Como lidar com o time mais musculoso? E com aquele time que tem quatro jogadores em quadra com aproveitamento superior a 40% dos três? Vemos os clubes que decidem correr o tempo inteiro e outros em que sair para o contra-ataque parece algo proibido. Times que vivem e morrem pelos três pontos. Times com pivôs talentosos, mas armadores vulneráveis. Ou o contrário, claro. E esses estilos vão se confrontando, rodada após rodada. Há muitos fatores-surpresa, zebras, cinderelas e drama envolvendo adolescentes que podem ser badalados – ou não – desde os primeiros anos de High School, mas ainda são adolescentes.  



Na hora dos mata-matas, qualquer esquerdista de prontidão deve descontar a parte política  e sujeirada institucional, algo que poderia despertar uma aversão suprema devido ao constante e detestável tráfico de influência, corrupção, opressão e, em muitos casos, exploração e injustiça com muitos garotos (sempre o elo mais fraco, claro). Em março, realmente devemos deixar isso de lado por um pouco que seja e apreciar a diversidade e pureza do torneio, do jogo jogado em quadra

Uma pena que Fabrício Melo e Scott Machado não possam participar dessa experiência enriquecedora. Para acompanhar tudo, a ESPN HD vem oferecendo uma cobertura razoável. Mas o recomendado talvez seja pagar quatro dólares mesmo e ter a chance de ver TODAS  as partidas das loucuras de março no site oficial do evento. 

quinta-feira, 15 de março de 2012

Se arrependimento matasse

Sai Nenê, entra JaVale em Denver
Foi no dia 14 de dezembro – lembram??? – que o Denver Nuggets comemorou a renovação de contrato de Nenê. Um contrato pra lá de generoso, de quebrar a banca. Celebraram a lealdade e tal. Não levou nem três meses para bater aquele remorso. Nesta quinta, no apagar das luzes, na úúúúúúúltima troca da temporada, o clube do Colorado resolveu fazer do pivô brasileiro um vizinho de Barack Obama, o presidente basqueteiro. 

Isso: Nenê vai arrumar as malas e despachar para a capital dos EUA, no que , imagino, seja um duro golpe. Lembrando: o jogador estava acomodado em Denver, com filho recém-nascido, numa cidade de ótima qualidade de vida. 

Por outro lado, não dá para ignorar o fato de que o paulista de São Carlos se esbaldou de brincar com as emoções dos torcedores e dirigentes de Denver na pré-temporada, negociando com uma série de clubes até tirar o último centavo em seu novo contrato. Negócios são negócios. 

Em Washington, Nenê vai encontrar uma situação completamente diferente do que tinha em Denver. Um time em reconstrução, ainda muito longe dos playoffs – nem técnico oficial tem, já que o interino Randy Wittman só está tapando buraco nesta temporada. Lá, terá como principal parceiro o armador John Wall, muito promissor, mas ainda uns passos atrás dos grandes nomes da liga. Ao seu lado, no garrafão, vai ter o força-bruta Trevor Booker e o passivo e ultravaiado Andray Blatche, inimigo público entre os torcedores do Wizards. O brasileiro vai ter de se contentar com isso por enquanto. 

E agora, Colorado?
Ao colocar Nenê na estrada, o Denver praticamente zerou seu investimento pesado no pivô e agora tem a chance de direcionar seus recursos para outras vias – talvez o ala Wilson Chandler, ainda sem contrato e preso num limbo estranho do mercado da liga. Sobre JaVale McGee, já falamos aqui. Um jogador de potencial absurdo, um dos maiores freaks da NBA, mas um notório cabeça-de-vento, como o vídeo abaixo sublinha:


É impagável. A bola ainda está em jogo em seu ataque e ele corre para a defesa crente de que havia convertido seu arremesso maluco. Pobre John Wall, que fica olhando sem entender nada. 

As atuações de Timofey Mozgov e Kosta Koufos, dois jovens e gigantes pivôs nesta temporada, e, em especial, do energético novato Kenneth Faried, enquanto o brasileiro estava lesionado, também pesaram na decisão. Você ainda soma o grafitado Chris Andersen na conta, e o George Karl tem uma boa cobertura. 

Nenhum desses jogadores é tão completo como o pivô brasileiro, mas o conjunto oferece opções suficientes para Karl manter o Denver na disputa pelo Oeste, de um modo muito mais barato. 

Larry Bird escolhe Leandrinho

Leandrinho agora vai correr ao lado de George Hill nas 500 milhas de Indianápolis
De figura praticamente encostada em um Toronto Raptors que joga pensando no futuro a uma aposta de Larry Bird para fortalecer as pretensões do Indiana Pacers em sua caminhada rumo aos playoffs. 

É essa excepcional troca de ares que Leandrinho recebeu nesta quinta-feira, com uma transação entre a franquia canadense e aquela chefiada por um dos maiores jogadores de todos os tempos – e também ótimo técnico e dirigente. 

O ligeirinho brasileiro vai para Indianápolis fazer o que sabe: correr e pontuar. Nada mais apropriado na cidade que abriga uma das provas de velocidade mais tradicionais do automobilismo, as 500 milhas, não? Vrrrrruuuum! (Ok, não dava para passar sem essa). 

Pelos Pacers, Leandrinho chega para reforçar uma segunda unidade carente em cestinhas. Ao lado de George Hill, pode formar uma dupla infernal e subestimada. Seu chute de três pontos também é muito bem-vindo ao clube. Dependendo do dia de Danny Granger e Paul George, pode ganhar uma chance nos momentos decisivos.

Em seus últimos jogos pelo time canadense, o ala-armador estava recuperando sua produção ofensiva, com um aproveitamento de quadra de 45,8% nas últimas cinco partidas, bem mais próximos dos 46,3% de sua carreira do que os 43,6% que tem na temporada. Sua pontaria de três pontos nessa sequência foi de 40%. E ele também diminuiu seus erros (1 por jogo) e aumentou as assistências (2,9). Novamente: três dados que condizem mais com seus números dos tempos de "Seven Seconds or Less" do que os meses anêmicos em Toronto. 

Como tem contrato expirando neste ano, o brasileiro se encaixa perfeitamente nos planos de Bird, que tinha espaço de sobra em seu teto salarial, mas talvez não tenha encontrado um atleta que despertasse o seu interesse para um investimento a longo prazo. Desta forma, deixa seu time mais forte para a atual campanha e mantêm suas opções abertas para o próximo mercado de agentes livres. 

Em tempo: o Raptors ganhou uma escolha de segunda rodada de Draft – em qual edição ainda não foi divulgado. 

terça-feira, 13 de março de 2012

Fabrício Melo domina. As manchetes

Dois pontos precocemente positivos podem ser tirados da suspensão de Fabrício Melo dos mata-matas da NCAA neste ano: 1) o pivô conquistou um respeito considerável (em quadra) em sua segunda temporada, como prova a repercussão de sua retirada da equipe nos grandes portais americanos nesta tarde; 2) se for ágil na contratação de um agente, o mineiro de Juiz de Fora pode iniciar sua preparação particular para o draft da NBA bem antes de seus principais concorrentes por uma vaga na primeira rodada. O processo a gente já sabe: ele vai se internar na academia com um personal trainer e um técnico, procurar melhorar suas habilidades atléticas e técnicas e tentar impressionar os técnicos e dirigentes da liga profissional daqui a uns dois meses, quando puder começar a fazer treinos em privado. É um processo complicado, extremamente concorrido e rigoroso, que o brasileiro, que não conseguiu dar conta de suas notas em Syracuse, vai ter de encarar.

ESPN: nadinha de dança para Melo

CBS: Nem tão fab(uloso) 

CNN-Sports Illustrated: A perda de Fabrício que machuca Syracuse

Fox Sports: Melo está fora

Loucura de março começa com Fabrício Melo

Fabrício pode estar se despedindo de Jim Boeheim e Syracuse
Uma bomba que estremece uma das melhores campanhas do basquete universitário norte-americano nesta temporada e tem impacto direto no basquete brasileiro. A essa altura você já sacou tudo: novamente com problemas escolares, o pivô Fabrício Melo está proibido de disputar o torneio de mata-matas da NCAA. É, as loucuras de março começaram com tudo e da pior maneira para o mineiro de Poços de Caldas. 

A notícia foi divulgada nesta terça, pela própria universidade de Syracuse, em seu site oficial, dois dias antes de o time ir para a quadra com grandes aspirações ao título nacional. Sem o brasileiro? Essas chances se reduzem drasticamente

O motivo da suspensão não foi divulgado, mas a ESPN, claro, já publica que "é um problema acadêmico relacionado a sua primeira suspensão". Pois é: não foi a primeira vez que Fabrício tomou um gancho neste ano. "Ele foi liberado inicialmente, mas a NCAA resolveu revisitar o caso e o consideraram o inelegível novamente", diz uma fonte ligada aos Laranjas. 

Eleito o defensor do ano em sua conferência, a Big East, uma das mais concorridas dos Estados Unidos, o pivô brasileiro progrediu, e muito, em sua segunda temporada por Syracuse. 

A percepção preliminar é a de que estes problemas acadêmicos devem empurrar Fabrício direto para o "draft" da NBA já neste ano. É o que já noticia o New York Times e o que espera Chad Ford, especialista da ESPN no recrutamento de novatos – segundo o Times, caso não consiga uma vaquinha na liga norte-americana, o mineirinho teria um retorno ao Brasil (alô, NBB) como possibilidade. 

O jornalista Peter Thamell afirma que "embora ele não seja uma escolha de primeira rodada garantida, algum time da NBA provavelmente vai se interessar por alguém de seu porte físico". No DraftExpress de Jonathan Givony, sua lista de palites deste ano já foi atualizada, com Melo entrando na posição 33, a terceira da segunda rodada. Antes, ele aparecia entre os 25 primeiros em uma projeção de longuíssimo prazo para 2013. 

E era realmente isso o recomendável. O salto para a NBA, agora, não é algo para o qual o jogador esteja preparado. Sua curva de crescimento pedia mais minutos em quadra contra gente de sua idade e sob a orientação de Jim Boeheim, antes de encarar os gigantes profissionais, muito mais fortes e cascudos e ficar enterrado no banco de reservas. 

Vamos esperar os próximos capítulos. Tensos.